segunda-feira, 30 de março de 2015

A história do imperialismo na América Latina





Salvador Allende, ao ser entrevistado por Roberto Rossellini, fez um relato muito claro do seu perfil político e ideológico marcado pela ética e o humanismo que constituiram as raízes do seu comportamento como Presidente do Chile. De origem burguesa, fez parte do Partido Radical onde uma ala progressista era confrontada com a conservadora.

Jovem estudante de medicina, seguindo os passos do pai, procurou ser sempre excelente aluno tendo obtido as maiores notas em todos os concursos que abriam melhores condições no desenvolvimento da carreira profissional. No entanto, como com igual dedicação destacava-se no grupo de estudos de Marx e Engels, foi impedido de ocupar os lugares conquistados em concursos universitários.

Foi fundador do Partido Socialista distinguindo-se pela busca de aliança com o PCCh, o que lhe permitia adquirir um conhecimento mais amplo e profundo da realidade em que vivia o povo chileno. A sua história de vida é um caminho de evolução a partir dos valores humanistas de uma classe dominante para o da solidariedade e identificação com a cultura e a luta dos trabalhadores do seu país. Foi assim que, depois de ser candidato à Presidência por quatro vezes, conquistou um apoio sólido popular e de várias personalidades de diferentes tendências que admiravam a sua firmeza de princípios e tenacidade na luta. Venceu não só o pleito eleitoral mas as oposições civis e militares manipuladas pelas forças imperialistas.

Considerava como esteio econômico do Chile a produção agrícola, dando apoio à reforma agrária dirigida pelos camponeses organizados em Consejos Comunales, e a de cobre que tratou de nacionalizar dentro das condições legais existentes. Sabia que o percurso significava uma revolução à qual se opunham as empresas estrangeiras (controladas pela Inglaterra e pelos Estados Unidos) e as oligarquias nacionais proprietárias de latifúndios e do sistema financeiro que controlava as exportações de matérias primas e importações de produtos industrializados e tecnologia. Evitava adotar exemplos de luta dos países socialistas, defendendo sempre as peculiaridades e idiosincracias da história e da cultura do Chile.

Faltou-lhe o apoio unificado das nações latino-americanas que, naquele momento estavam afogadas em golpes militares desferidos com o apoio direto do imperialismo que já se instalara nos Estados Unidos em contradição com a história progressista, naquele país, de grandes figuras políticas e intelectuais que foram perseguidas e algumas até mesmo assassinadas, como os Presidentes Lincoln e Kennedy.

Allende revela o conhecimento das dificuldades nacionais e internacionais que o seu projeto de desenvolvimento para o Chile despertava nas elites que ainda dominavam o poder econômico, a comunicação social e a formação profissional e mental das populações, mantidas desde os primórdios da colonização, mas também pelo subdesenvolvimento imposto à América Latina para manter a distância cultural e financeira entre os trabalhadores explorados e a elite dominante.

Heróis da humanidade, como Allende e Che Guevara e tantos mártires das lutas revolucionárias latino-americanas, deixaram exemplos de conduta pessoal e de análises ideológicas que constituem as bases da consciência que anima os militantes dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais que hoje contam com a unidade entre os povos do continente americano. Passo a passo, como escreveu em 2003 Alvaro Cunhal, "Outras revoluções socialistas tiveram lugar. Numerosos povos secularmente subjugados conquistaram a independência."

No século XXI são eleitos na América Latina vários governos progressistas identificados pela luta pela conquista da independência e da soberania nacionais, no caminho iniciado por Cuba, com Fidel Castro, e seguido pela Venezuela com Hugo Chavez.

"Com o seu poderio, alcançado pela construção do socialismo, a União Soviética alterou a correlação das forças mundiais" prossegue o texto de Alvaro Cunhal, que "manteve em respeito durante décadas o imperialismo, tornando a competição entre os dois sistemas um elemento dominante na situação mundial."

A História segue o seu curso, oscilando de acordo com as estratégias e as debilidades que se sucedem nos dois campos ideológicos, em função da consciência de luta dos povos face às imagens propagandeadas pelas elites dominantes de adesão à uma necessária democratização do sistema. O capitalismo, para alcançar a sua meta de sistema de pensamento único e final cria a "globalização" e afirma "o fim das ideologias". O seu poder cresce mas, como diz ainda Alvaro Cunhal, "o ser humano continua pensando. E o pensamento e a ideologia dos trabalhadores e dos povos oprimidos serão sempre inevitavelmente opostos aos das potências e classes exploradoras e opressoras".

A crise que abala hoje os países ricos alimentados pelo imperialismo, introduziu nos seus respectivos territórios nacionais a miséria e a desorganização social que antes caracterizava os países subdesenvolvidos. Sendo uma crise natural ao sistema capitalista, que destrói as forças de produção e dizima as populações para exercer o poder predador que o sustenta negando os valores éticos da humanidade, recorre às formas criminosas de terrorismo e de chacinas que provocam o desespero dos que se sentem isolados e corrompem os ambiciosos que se consideram acima dos seus povos para implantar novamente, através de golpes sobre os governos democráticos, o divisionismo nacional que é a arma fundamental dos poderosos. É um retrocesso histórico que contraria a evolução da humanidade consolidada nos últimos dois séculos de construção da democracia.

Zillah Branco

segunda-feira, 23 de março de 2015

Exportar pobres e importar ricos



O Vice do Primeiro Ministro em Portugal "descobriu a pólvora" com esta estratégia de import-export para salvar a economia nacional. Com os "vistos gold" criou o caminho para trocar quem trabalha e não tem emprego por quem não trabalha e, sendo milionário, vai certamente comprar uma bela casa e contratar empregados para trabalharem por ele. Depois vê-se o que fazer aos seus milhões em euros, se vieram de não se sabe onde e vão para um paraíso fiscal qualquer como fizeram os protegidos pelo Espírito Santo.

Afinal a vida privada é aqui respeitada. E como! Os jornais estão cheios de manchetes que explicam o inexplicável mistério da Justiça que condena altas personalidades do mundo financeiro e do Estado à prisão (por crimes de peculato, desvios de dinheiro público, abuso de poder, falsidade ideológica, corrupção e branqueamento de capital, além de erros crassos no planeamento de acções governativas que desorganizam o sistema judicial, o de educação e o da saúde) e, depois de embrulhadas discussões sobre a aplicação das leis, fica tudo na mesma santa paz do senhor, pairando a culpa sobre os funcionários que digitam as ordens.

Claro que a descoberta desta maneira de trocar pobres nacionais por ricos estrangeiros não foi de Portas. A patente é europeia e está a ser aplicada nos demais países unidos pela ambição da velha colonização. Coincide que nesses mesmos países que crescem à custa da mais-valia dos imigrantes de nações empobrecidas, os trabalhadores e suas famílias estão a exprimir a sua indignação com formidáveis manifestações para derrubar os espertos governantes que vendem a pátria com a mesma falta de pudor com que venderam a consciência, os princípios éticos, a família, a dignidade e a História dos povos.

Eleições em Portugal

Com a proximidade das eleições, o jogo político entre os partidos que se alternam no Governo desde 1975 (para impedir o prosseguimento da Revolução dos Cravos que instaurou o regime democrático dando voz e leis trabalhistas a todos os portugueses e, com as nacionalizações das empresas fundamentais que asseguravam a soberania nacional e a reforma agrária que garantia o auto-abastecimento alimentar do país), os partidos que se somam para calar a oposição de esquerda, viram-se levados a quebrar os laços íntimos (da direita que une a elite económica) e começaram a denunciar as mútuas falcatruas cometidas durante os turnos governamentais.

O ex-primeiro ministro Socrates foi preso antes do Natal de 2014 sob acusações de desvios milionários de dinheiro público e a imagem que a mídia divulga é de que para uns é "mártir heróico" que não consegue convencer os juízes da sua inocência, enquanto que para outros "será melhor que aguente sozinho a punição" de crimes que não são do conhecimento público e que envolvem personalidades da elite que disputa a nova eleição.

Em matéria de abusos de poder e fraudes financeiras, com o desvendar da história vergonhosa do centenário Banco Espírito Santo e mais as listas VIP que surgiram no Ministério das Finanças para proteger altas personalidades da elite mandante (invisíveis para os governantes e assumidas como hipóteses de erros informáticos por leais subalternos que dão, senão a vida, pelo menos a dignidade, para salvar os seus soberanos elegíveis), fica difícil imaginar o gráu de impunidade e conivência que une o mundo privado da direita. As eleções virão vestidas de democracia para que os "de baixo" escolham os seus candidatos influenciados pelas orientações da mídia (controlada pela direita) se não tiverem conhecimento da realidade que a esquerda luta por difundir de casa a casa, de pessoa a pessoa, sem o apoio financeiro que beneficia apenas a elite a serviço do sistema de poder financeiro e não da vida da população em geral.

Voltemos a pensar sériamente no significado profundo do 25 de Abril, quando o governo de Vasco Gonçalves nacionalizou a banca, promoveu a intervenção das empresas mal geridas, deu início à reforma agrária e ao apoio aos pequenos e médios agricultores, abriu caminho para a Escola Pública, para o Serviço Nacional de Saúde, para a Segurança Social e conseguiu manter as reservas de ouro sem contrair as dívidas escandalosas que hoje são pagas pelo povo com a miséria produzida pela austeridade opressora.

Era um tempo em que o Estado fortalecido defendia a economia nacional ao promover o trabalho  produtivo para dar melhores condições de vida aos pobres e receber de volta os saudosos emigrantes. Era um tempo em que a Justiça não fechava os olhos às espertezas do poder financeiro. Era um tempo em que tudo se fazia pelo desenvolvimento do país e do povo. Era um tempo em que a OCDE reconhecia a capacidade de auto-abastecimento alimentar em Portugal e que seria possível defender a soberania nacional sem recorrer aos loteamentos hoje feitos para satisfazer as ambições de domínio estrangeiro.

Zillah Branco

22/03/15

sábado, 14 de março de 2015



Brasil: a crise da oligarquia

Zillah Branco *

Florestan Fernandes, em "Poder e contra-poder na América Latina" (1981) chamava a atenção para a "evolução dos interesses conservadores, reacionários e contra-revolucionários de burguesias relativamente impotentes, que preferem a capitulação política ao imperialismo a ter que lutar pelas bandeiras tradicionais (ou clássicas) de um nacionalismo burguês revolucionário.


"( ) seus objetivos mais recentes estão relacionados com o "desenvolvimento com segurança", um "desdobramento da interferência das potências capitalistas hegemônicas e das empresas multinacionais com vistas a garantir a estabilidade política na periferia."

A manutenção do poder oligárquico foi o recurso utilizado pelas forças de direita que perderam em 2002 o Governo para Lula que soube lançar, desde o primeiro momento, os esteios da transformação democrática da sociedade: a inserção das camadas sociais mais pobres, e setores marginalizados, na vida institucional do país e no caminho do desenvolvimento como cidadãos de pleno direito; e a expansão de políticas de desenvolvimento territorial para o Brasil profundo que estava literalmente abandonado como feudos de oligarcas e jagunços.

Com a instauração do sistema neo-liberal em quase toda a América Latina, especialmente no Brasil na década de 1990 que já atraíra para a sua cômoda ideologia muitos ex-democratas alçados por situações de privilégios sociais e econômicos, reuniu-se uma nova direita com propostas de "reconfiguração da ordem política para estabelecer novas posições de força para garantir a continuidade e o aperfeiçoamento dos privilégios e o controle estável do poder (em todas as suas formas) a partir de cima. Florestan destaca: "primeiro o enfraquecimento da ordem política como fonte de dinamismo comunitários e societários de 'integração nacional' e de 'revolução nacional'; e, segundo: o uso estratégico do espaço político para ajustar o Estado e o governo a uma concepção nitidamente totalitária de utilização do poder."

Florestan Fernandes, em "Poder e contra-poder na América Latina" (1981) chamava a atenção para a "evolução dos interesses conservadores, reacionários e contra-revolucionários de burguesias relativamente impotentes, que preferem a capitulação política ao imperialismo a ter que lutar pelas bandeiras tradicionais (ou clássicas) de um nacionalismo burguês revolucionário."( ) seus objetivos mais recentes estão relacionados com o "desenvolvimento com segurança", um "desdobramento da interferência das potências capitalistas hegemônicas e das empresas multinacionais com vistas a garantir a estabilidade política na periferia."

A ausência de uma reforma política concomitante com as medidas de democratização social - que eliminou a fome de dezenas de milhões de brasileiros e procedeu à redescoberta do Brasil feudal elevando-o à condição de desenvolvimento como parte do território nacional, - impediu que houvesse a necessária mudança econômica para reduzir a criminosa distribuição de renda no país e a adoção de medidas sócio-culturais e políticas coerentes com o propósito democrático na estrutura do Estado. A dinâmica necessária para que o poder oligárquico fosse substituído pelo poder democrático com participação popular foi bloqueada pelas forças de direita situadas nos três poderes que limitam o do executivo.

Apesar de existir institucionalmente uma ordem política como sendo 'democrática, republicana e constitucional' , diz Florestan, "é permanentemente distorcida por e através de objetivos totalitários dos setores sociais dominantes", o que solapou e bloqueou a verdadeira democracia nacional que tem por ideal a igualdade de direitos para todo o povo - desde a criança em formação, aos adultos que constroem o setor produtivo e aos idosos que já deram o seu contributo à Nação.

Luis-Carlos Bresser Pereira escreveu (O Globo 12/03/15) "os ricos, inclusive a alta classe média, que não estavam satisfeitos com a clara preferência pelos pobres revelada pelo governo em um tempo de baixo crescimento, passaram a olhar o PT e a presidente não mais como adversários, mas como inimigos, e nos vimos diante de uma coisa surpreendente: o ódio substituindo o desacordo e a crítica.

Entretanto, não obstante o desgaste que estava sofrendo por boas e más razões, a presidente foi reeleita. Ganhou por uma pequena diferença, contando principalmente com o apoio dos pobres. Contou, portanto, com o apoio daqueles que têm um voto — e não com o apoio da sociedade civil, ou seja, da soma daqueles cujo poder é ponderado pelo dinheiro, pelo conhecimento e pela capacidade de comunicação e organização que cada um tem.

Ora, o poder real em uma sociedade moderna está na sociedade civil, não no povo, o que configura uma crise política grave. Mas uma crise que pode e deve ser administrada. A sociedade civil, em particular os ricos e a oposição política, precisa assumir sua responsabilidade para com a nação, aceitar a derrota nas eleições e voltar a ajudar o país a ser governado, em vez de falar em impeachment ou em tentar inviabilizar o governo. O próximo embate eleitoral é em 2018, não é agora."

A clareza da análise de Bresser-Pereira, que desmistifica os argumentos mesquinhos e vazios do pastel de ilustres professores (que se equilibram sobre o muro pontificando como donos da verdade que a ralé não alcança), corresponde a que tem sido exposta pelo Papa Francisco que não teme ser considerado marxista por afirmar que o capitalismo é essencialmente um sistema desumano que dá privilégios a uma classe dominante deixando que os trabalhadores e suas famílias sejam escravizados.

Vivemos um momento histórico de fundamentais mudanças em todo o mundo. Os discursos da direita com linguagens elaboradas como máscaras de santos em bandidos, tentam ocultar a realidade que determina o poder da riqueza e a escravização dos que trabalham em benefício de todos. Enquanto Obama e seus aliados reconhecem que Cuba tornou-se um país de heróis superando o sacrifício do isolamento imposto pelo seu nefasto Império durante meio século, tentam destruir nações do Oriente Médio para dominarem as jazidas de petróleo que lá existem. Sentem que a crise financeira derivada do esbanjamento das riquezas nacionais em produtos supérfluos e na indústria de guerra nas suas próprias Nações, impediu o aperfeiçoamento dos setores produtivos que deveriam alimentar o desenvolvimento das sociedades com o bem estar para todos.

A consciência dos povospopular evoluiu, descobriram que a superioridade depende da organização dos que lutam sem ambições pessoais por riquezas materiais. Não existem formas de superioridade raciais, de gênero, de condição de vida. A inteligência pertence aos que compreendem a realidade da vida e não perdem tempo com a pretensão de serem os escolhidos dos deuses. São os que assumem a responsabilidade de aplicarem os seus esforços no melhor aproveitamento e distribuição das riquezas com respeito pela solidariedade que engrandece o ser humano.


terça-feira, 10 de março de 2015

O lado certo da luta no Brasil e na Europa

Portal Vermelho

Zillah Branco *

O império capitalista estrebucha e os movimentos sociais de trabalhadores e juventudes estudantis vão para manifestações de protesto nas ruas pelo muito que já foram roubados. Enquanto isso os ricos, agarrados às suas propriedades e às voláteis ações bancárias, organizam golpes anti-democráticos e fomentam terrorismo que atrai psicopatas amigos.


Estes cenários ocorrem hoje no Brasil, Argentina e Venezuela, contra a integração revolucionária da América Latina pela independência dos povos e nos países pobres da Europa - Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda, Itália - esmagados pela austeridade para pagar o crédito da Troika agiota, da União Europeia e FMI, com seus paraísos fiscais na falência.

Mia Couto, o grande escritor e pensador moçambicano, exprime com arte:

"Pobres dos Nossos Ricos"

A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.

Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.

A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos". Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram.

Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)"

A dialética promove um grande passo na História separando os exploradores - agarrados ao passado de fartura e privilégios - dos trabalhadores e jovens que hoje escolhem o lado certo da luta para construir um Estado Social onde a democracia será consolidada.

São dias de turbulência com as provocações histéricas como as que conhecemos em 1964 quando os militares no Brasil foram empurrados pelos fantoches do imperialismo a mancharem a função de defesa nacional com um golpe por ambição de poder que sacrificou milhares de heróis brasileiros; que ocorreu em 1973 quando mataram Allende que introduzia a Unidade Popular como esteio da democracia no Chile; que bloqueou Cuba dificultando o seu desenvolvimento econômico por 60 anos sem, no entanto, limitar a sua pujante Revolução que produziu conquistas sociais hoje louvadas pelos organismos internacionais pela solidariedade levada aos países pobres com a sua superior medicina e pedagogia que salva povos oprimidos nos vários continentes; que empobreceu e colonizou o continente Europeu que foi o berço da cultura e do progresso científico do mundo ocidental, desviando as riquezas nacionais transformadas em moedas de Tio Patinhas que perderam valor na crise financeira do sistema capitalista.

Os que sabem viver na pobreza sem deixar de trabalhar pela subsistência da família e que enfrentam dificuldades diárias para cultivarem o conhecimento da realidade e abrirem caminhos profissionais, permanecem no lado certo da luta pelo desenvolvimento nacional. Não se desviam por ambições mesquinhas e consumismos de inutilidades, não vão nas conversas falsas
de uma comunicação social vendida aos interesses do mercado, não sucumbem ao medo das ameaças e agressões de golpistas torturadores.

Uma nova geração se levanta para recuperar os princípios éticos e os valores humanos de integridade e dignidade ao lado de familiares e amigos que sobreviveram às discriminações do passado com o império do capital e o poder de oligarquias herdeiras de regimes coloniais. Não há conflitos de geração, mas há de classes, entre privilegiados e escravizados.

Os governos de Lula e de Dilma desbravaram o Brasil levando os benefícios de infra-estruturas e conhecimento ao interior de todo o território nacional, trouxeram para a vida moderna a maioria da população que vivia e morria na miséria, demonstrou o que significa democracia e respeito humano, abriram aos 200 milhões de brasileiros a possibilidade de refazerem o sistema político nacional com justiça e melhor distribuição de renda, com sistemas de saúde, educação e previdência social sem os privilégios que uma elite antes poderosa reservava apenas para os seus apaniguados.

Agora é a hora de realizar o programa democrático e calar os opositores com os seus ranços de um passado de escravidão. Os tempos mudaram e exigem força popular para prosseguir a caminhada libertadora com a união dos povos e o despertar da consciência de cidadãos de pleno direito no Brasil, na Grécia, em todos os países onde os povos defendem a soberania nacional e a verdadeira democracia.