sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Cidadania e Estado



Durante o governo de direita em Portugal, de 2011 a 2014, assistiu-se a um esforço da Troika (FMI e UE) para transformar o Estado, que se queria social e apoio à população, em fiscal e perseguidor dos cidadãos. Era o contrário da democracia instaurada pelo 25 de Abril há quarenta anos, que começou a ser minada por Mário Soares em 1976 quando eleito, ao trazer o programa da social-democracia subordinado ao imperialismo para dirigir a vida polítca nacional. Durante estas 4 décadas, o PS aproximou-se dos partidos de direita com quem alternou a condução do governo até eleger Sócrates (formado na juventude do PSD e preparado pela TV) para desempenhar como socialista as orientações do Clube de Bildemberg, basilar na União Europeia. Com uma gestão financeira desastrosa que aprofundou a dívida nacional (misturada com dívidas privadas), abriu caminho para os partidos de direita, PSD/CDS, assumirem o Governo como emissários das orientações diretas das Comissões Européias que consideram o país a serviço da gestão financeira e não da democracia. Ou seja, abandonou-se a preocupação com o desenvolvimento social e económico que eleva as condições de vida e trabalho dos cidadãos a favor das regras do mercado internacional e da acumulação de capital nas empresas financeiras privadas.

Tal percurso fortaleceu a direita em Portugal, que se ofereceu como agente do imperialismo adotado pela UE para subordinar a nação a um projeto externo, mas despertou a esquerda para a busca de apoio organizado em pequenos partidos e de uma tendência dentro do PS, que acompanharam o fortalecimento do movimento sindical na defesa dos direitos democráticos levantados no 25 de Abril. A estabilidade ideológica do PCP permitiu que liderasse uma unidade de esquerda que apoiou a eleição de um governo PS à esquerda, destronando a direita. Foi clara a introdução do conceito de esquerda, de cidadania e de Estado social (para atender a população e as forças produtivas contra a ganância financeira do setor financeiro que delapidara a independência nacional), nos debates políticos inclusive promovidos pela média. Isto coincidiu com mudanças simultâneas em toda a Europa, detonadas com o flagelo dos milhões de fugitivos das nações bombardeadas (tanto pelas forças da NATO e do imperialismo norte-americano como do grupo auto denominado Estado Islâmico).

Vemos a oscilação das condições de cidadania, quando o Estado é um instrumento para o desenvolvimento social e económico - com o 25 de Abril em 1974 - e com as forças de esquerda no Parlamento em fins de 2015 - ou quando o Estado é controlado por um poder externo e exerce o seu poder fiscal e de causador da austeridade que leva o povo à perda dos seus direitos sociais: pensões, emprego, habitação, saúde, escola, alimentação, transporte, segurança civil. Corresponde à tendência individualista do sistema capitalista que deixa as pessoas sem os recursos institucionais da cidadania. Mesmo os governantes submissos pensam poder redimir-se das falhas de administração atribuindo os erros às "ordens recebidas da UE", o que não justifica perante o povo e o país, a nação que o elegeu para defender a soberania do país.

Mas o facto é que o governo da direita, PSD/CDS, transformou o Estado no fiscal prepotente, capaz de levar a habitação do cidadão a leilão para pagar uma dívida pequena. Face a esta situação, o governo PS de hoje, que atende o programa da esquerda, trouxe um alívio que é a confiança no Estado e não o medo ou a revolta. Sente-se o benefício dessa confiança que aproxima o cidadão às instituições que respeitam os direitos democráticos.

A Europa está em crise diante dos erros e crimes cometidos contra a soberania das nações - levando a guerra para dentro das que estão no Oriente Médio e Norte da África ou que deixaram o socialismo soviético - e das que compōem a União Europeia, através da imposição de decisões financeiras e de política social anti-democráticas. Nada fez pela paz, que seria o único objetivo para evitar o fluxo de populações desesperadas em busca de refúgio e condições de vida equilibrada, nem mesmo impediu que bandos de traficantes organizassem a saída pelo Mediterrâneo iludindo os viajantes com inadequados barcos insufláveis para enfrentar tempestades marítimas. Também não foi capaz de organizar missões de salvamento deixando que centenas de milhares de adultos e crianças andassem a pé, no frio e na chuva, em busca de socorro entre os países europeus ou morressem afogados. Uma falência vergonhosa que se somou à crise de gestão política no continente.

A consequência nos países mais ricos é o ressurgimento do nacionalismo de direita com os grupo e partidos neo-nazistas e as ações terroristas por grupos que foram armados para as primeiras invasões imperialistas das chamada "primaveras" com o objetivo de anarquisarem as sociedades mais frágeis. Diante deste caos civilizacional, só referem a crise financeira que atinge uma elite apátrida, egoista e criminosa em relação aos cidadãos que pagam, com a austeridade imposta, os seus roubos e incompetências na gestão do dinheiro público.

Os Estados Unidos, arrotam grandeza ameaçando os terroristas - que criaram como mercenários para gerar conflitos sociais que "justificaram" as suas invasões - e os países ricos da Europa seguem o modelo valendo-se das mortes que se multiplicam como revanche do Estado Islâmico nos seus centros urbanos. O mesmo ocorre com Israel que aterroriza permanentemente o Estado Palestino. Correm atrás do estopim que eles próprios acenderam para se fazerem de defensores dos seus povos. Mas fogem da paz "como o diabo da cruz".

Os povos que despertaram para a defesa da cidadania com um Estado democrático à esquerda, criam a única defesa possível para deixar uma sociedade respondável e saudável para as novas gerações.

Zillah Branco

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Presidente de todos os portugueses



A promoção de futuros candidatos aos cargos governamentais pelos órgãos de comunicação social em Portugal corresponde a um recurso próprio de uma ditadura. Se não de nível nacional, então internacional. É o que se tem assistido há vários anos em que, por indicação do Clube de Bildemberg e depois dos organismos não eleitos da União Europeia, foram promovidos a comentadores de TV vários candidatos a Primeiro Ministro e agora a Presidente da República, políticos do PSD e do PS. Criaram um perfil calcado em Salazar ao qual os candidatos adaptam-se com maior ou menor simpatia pessoal. Nessa função, vêm a público com a cartilha do modelo mediático debater com um experimentado jornalista as notícias políticas e futebolísticas de maior projeção para " formarem à opinião pública". Adquirem técnicas de debate, adotam posturas de especialistas nas matérias, exibem sorrisos simpáticos de compreensão e expressōes de força na defesa de princípios morais, conquistam o público que não tem outro modelo para comparar, habituam os eleitores a desejarem nos cargos públicos aqueles "bons alunos" que fizeram o exaustivo e bem remunerado curso.

Entre muitos, aí estão pelo menos dois que transitam no momento dando opiniões indiretamente para indicar o candidato mediático: Sócrates e Guterres criam o ambiente para o candidato Marcelo Rebelo de Souza. O primeiro está amarrado a um processo judicial ligado às confusões do sistema financeiro, o segundo passeia o seu ar de figura beata internacional, revelando que a Europa está "em cima de um precipício" e ele quer descansar. O candidato à Presidência da República que expande simpatia a torto e a direito, abraçando populares e piscando à esquerda como se fossem os velhos amigos de direita.

Para cumprir com eficiência a função de preparar e lançar candidatos aos altos postos governamentais, a média, sobretudo a TV, reduziram as informações diárias ás questões prioritárias para a formação de uma consciência mediocre do eleitorado: o futebol e suas poderosas esferas de poder e o turísmo como a meta nacional para agradar ricos visitantes deste pobre país. A mentalidade derivada de tal escola será inevitavelmente alheia á realidade que os portugueses vivem e sofrem, e moldada na subserviência de quem oferece aos ricos "as belezas que Deus lhes deu" como último recurso para quem nasceu condenado a ser pobre.

Assim é preparada a eleição presidencial para substituir Cavaco e Silva, com o aluno brilhante da TV dando sequência ao caminho que levou a Europa ao "precipício", segundo o emissário Guterres. Dez outros canditatos competem em campanhas junto ao povo um pouco por todo o lado do território, descobrindo uma realidade adversa que convém conhecer para não ficar nas nuvens do Palácio de São Bento.

Dentre eles destaca-se Edgar Silva que nasceu dentro da realidade em que vive o povo português. Para poder adquirir uma formação mais sólida seguiu, como tantos meninos pobres, a carreira de padre que o convidava a fazer o bem. Formou-se em teologia e em muitas matérias das ciências sociais que explicam a história da humanidade onde a luta pelo poder e a ganância do dinheiro são os grandes obstáculos ao normal desenvolvimento dos cidadãos. Na busca de um coletivo que luta por um mundo melhor descobriu que o PCP é o partido que tem por meta defender os homens e mulheres que sofrem o peso da miséria e combater a desigualdade social imposta por uma elite ainda poderosa.

Edgar Silva enquanto padre criou um projeto de escola para as crianças que sobrevivem nas ruas sem proteção familiar ou do Estado. Conquistou a solidariedade de outros padres mas não da instituição clerical. Aderiu à militância comunista para expandir os seus projetos de ação social destacando-se na Ilha da Madeira pela sua capacidade de luta em defesa de um povo que se fortaleça para desenvolver Portugal como uma nação próspera e com igualdade de recursos para todos os cidadãos.

Entre todos os canditados que, em contato com o povo nas ruas ou em entrevistas à comunicação social, esforçam-se por mostrar as qualidades que têm para bem desempenhar a função de Presidente de todos os portugueses, Edgar Silva apenas revela que estudou a fundo a história da humanidade mas também a Constituição Nacional, que estabelece o âmbito da ação presidencial em Portugal, e que lhe permitirá abordar a vasta gama das questões sociais de uma realidade que conhece desde o berço em que nasceu, pelos bairros pobres em que cresceu e investigou, com fé na humanidade e com os recursos das ciências sociais ao longo de toda a sua vida.

Pela primeira vez em Portugal surge um candidato à Presidência da República que foi formado na realidade social nacional - o primeiro curso de cidadania - adquiriu conhecimentos científicos e humanistas e alimentou a vontade de ser útil à sociedade com o enquadramento institucional que a Constituição democrática produzida pelas conquistas de Abril estabelece. É um representante do povo que cresceu na busca intransigente dos caminhos mais adequados para levar a maioria dos portugueses a alcançar melhores condições de vida, e a aplicar a inteligência e a vontade de modo a valorizar Portugal entre todas as nações.

Zillah Branco