domingo, 23 de outubro de 2011

Imperialismo assume o caminho terrorista sem escrúpulos


O imperialismo era identificado com uma facção oculta do governo norte-americano que foi emergindo na história para substituir os colonizadores europeus. Com a experiência dos ingleses que dominavam as colónias mantendo pessoas nativas de confiança em uma administração subordinada ao Império Britânico era mantida a falsa imagem de um governo nacional que recebia o apoio externo, inclusive para a formação profissional e política. Essa farsa deixava a população alheia ao poder de uma elite nacional cuja distância social com o povo era respeitada como uma aristocracia privilegiada tradicionalmente como “classe superior”.

A substituição do poder colonial europeu deu-se com a perfídia norte-americana de se apresentar como apoio à luta anti-colonialista e ao desenvolvimento da infra-estrutura nacional com assessoria técnica e financiamento de empresas dos Estados Unidos desde o início do século XX. Até a segunda grande guerra divulgava-se de muitas maneiras a simpatia do Tio Sam para com os países subdesenvolvidos onde as elites nacionais mantinham o povo sem condições de educação e saúde, para reinar sobre a miséria. O movimento comunista mundial irradiou da Revolução Soviética para despertar a consciência de cidadania dos povos formando os seus respectivos movimentos de independência nacional e controle das riquezas patrimoniais que constituem a base do desenvolvimento da infra-estrutura de cada nação.

A “cortina de ferro” levantada pelos defensores do capitalismo depois da guerra contra o fascismo em que a URSS desempenhou o papel principal, foi o empenho do poder imperial que então somou os interesses dos Estados Unidos e dos seus aliados europeus, até então senhores das colonias, para impedir o florescimento de uma ideologia libertadora que penetrava todo o Terceiro Mundo. Foram quatro décadas de disfarçado solapamento da autonomia econômica e militar dos países mais desenvolvidos com a subtil penetração norte-americana que com um longo trabalho cultural e político absorveu as elites europeias para que lhes abrissem as portas nacionais ao domínio imperialista. No final da década de 80, com a implosão do socialismo na Europa, celebrou-se a aliança capitalista com o símbolo da “queda do muro de Berlim” e a destruição da URSS.

O “império” tornou-se globalizado sob a liderança e autoridade dos Estados Unidos que passou a cobiçar as fontes de petróleo localizadas nos países árabes. As invasões se sucederam apressadamente com a precaução de enviar tropas europeias para os ataques aéreos enquanto o exército norte-americano e uma legião de mercenários coordenados pela CIA penetrava na sociedade e se assenhoreava do controle social e da produção nacional que constituía o botim da guerra provocada com a invasão externa.

As elites que mantinham alianças com os Estados Unidos haviam instalado no poder uma personalidade com condições de ser respeitada pelo seu povo por razões tradicionais de tribo e aristocracia, ou por ter alcançado a liderança popular destronando o antigo ditador. Com a nova ação imperialista, claramente em busca de riquezas nacionais para alimentar a potência mundial, alguns ditadores cederam evitando uma invasão militar e outros, como Sadam Husseim no Iraque e o guerreiro saudita Ozama Bin Laden, que foi “ponta de lança” no domínio imperial do Afeganistão, foram vencidos como inimigos, com uma crueldade primitiva e de violência terrorista, introduzida como padrão de comportamento do governo dos EUA. A estratégia inaugurada pelo governo de Bush na Guerra do Golfo, com a edição de um baralho cujas cartas traziam a efígie de cada inimigo a ser abatido, marcou o abandono de princípios éticos até então respeitados necessariamente pelos líderes políticos defensores da democracia e dos direitos humanos. Entrou-se na era do banditismo descarado e do abuso da força para alcançar objetivos práticos, disfarçada por campanhas de publicidade sobre a “solidariedade ocidental com os povos que desejam a democracia espezinhada por governos nacionais ditatoriais”. Realizam as guerras acobertadas por falsos propósitos de paz.

Para diluir a péssima imagem mundial do governo norte-americano submetido à função imperialista, que ofendia a própria população norte-americana, o Partido Democrata inventou um candidato negro com linguagem de esquerda-cristã que se apresentou como o salvador da dignidade patriótica e dos princípios democráticos. Surgiu como uma lufada de ar fresco que inspirou grande parte da humanidade que ainda alimentava esperanças de construir um mundo mais humano. Obama não esteve à altura de suas promessas eleitorais e menos ainda da confiança da humanidade democrática. Tornou-se claro que o poder imperial nos Estados Unidos ultrapassa o do governo revestido de instituições democráticas. E, tal como os seus antecessores, Obama esvaziou-se de princípios éticos para ficar como marionete desmoralizado da elite imperialista. Seguiu o caminho dos aliados europeus que estreitaram laços através da OTAN e das compensações financeiras obtidas com o botim das guerras. Hoje orgulha-se de ter sido o mandante dos assassinatos de Ozama (cujo vídeo assustou os seus assessores e proibiram a divulgação) e de Kadafi que foi amplamente divulgado ao olhar estarrecido e horrorizado dos seres humanos que ainda restam sensíveis.

A mídia alimentou o “caminho revolucionário da juventude” aberto pela internet e os braços dos serviços secretos do império insuflaram uma “primavera árabe” aparentemente expontânea no Egito, no Iemen, na Líbia, na Síria, na Jordania. As manifestações populares cresceram com a formação de grupos rebeldes que passaram a receber armas dos seus antigos colonizadores. A Libia tivera uma trajetória diferente dos demais, pois Muamar Kadafi há 42 anos dera um golpe na aristocracia empossada como ditadura pela Inglaterra e traçara objetivos nacionalistas para o seu país, reforçando a sua liderança popular. Sofreu o mesmo tratamento que Sadam Husseim, sob a invasão das tropas aliadas da OTAN que usaram os rebeldes como escudo humano para as suas ações militares. Kadafi, cercado pelas forças aéreas estrangeiras foi alvejado quando fugia ao cerco na sua cidade natal e assassinado com a mesma crueza com que liquidaram Sadam Husseim e Ozama Bin Laden.

A mesma marca abjecta e terrorista deixada pelo comando imperialista – sanguinária, prepotente, que amesquinha a vítima despudoradamente negando-lhe a dignidade de ser humano – chocou a opinião pública mundial que se sentiu sem esperanças de que restem valores éticos à elite poderosa. Enquanto o ato de vandalismo foi suportado com dignidade pelos vencidos, os seus atacantes assumiram a condição boçal dos cruéis desequilibrados.

Os manifestantes que exigiam o fim da ditadura e os rebeldes que foram armados para entregar o governo ao povo, perceberam que foram utilizados por ditadores mais bem armados que só têm interesses econômicos e desconhecem os valores humanos. Têm os seus países destruídos e a sua população sacrificada e sem esperança. E a ocupação estrangeira permanece negando os direitos humanos, religiosos, culturais, com que foi escrita a história de cada povo. Um holocausto fascista, uma hecatombe, a volta à escravidão e à miséria.

As manifestações espalharam-se pelo mundo, as maiores dentro dos EUA, no coração do império. É uma população que luta pela dignidade a que tem direito repudiando um governo ajoelhado à frente do sistema imperial. Na Inglaterra, na França, na Alemanha, alastrando-se pelos países europeus mais pobres que sofrem a crise para salvar os centros financeiros da União Europeia. As populações mais jovens adquirem consciência de cidadãos e de ser humano e defendem o direito de viver com dignidade. Para isso terão de impor um padrão elevado de comportamento social. A midia tenta liderá-los com a fantasia da capacidade “revolucionária da moderna tecnologia” para poderem controlar a dinâmica com programas fechados e estímulos promocionais. É uma arma de duplo sentido. A verdade é que a liberdade aberta pela internet vence o controle midiático, e a consciência humana desperta para os princípios que são referência para a vida em sociedade, os mesmos que o imperialismo tenta destruir.
                                                            

sábado, 8 de outubro de 2011

O ensino e a participação popular no Brasil


Uma escola pública da zona da mata em Pernambuco alcança o primeiro lugar entre as melhores do país. A Escola Estadual Tomé Francisco, de Lagoa da Cruz, obteve a média 6,5 na prova que classificou, entre escolas públicas e particulares onde os países desenvolvidos ficaram com média 6,0. 

O diretor Ivan José Nunes da Silva explicou o “milagre”, como foi denominado aquele êxito entre as demais escolas brasileiras que discutem como sair do atoleiro herdado, da maneira mais natural e científica: “reunimos todos os professores, estudamos os problemas existentes e criamos um método de acompanhamento dos alunos e dos professores que vimos seguindo com a ajuda de uma assistente social que mantém o diálogo permanente com os alunos e pais”.

Não voaram mais alto que a realidade daquele pedaço de território cheio de problemas económicos, sociais e políticos, mas ali sabem mais que qualquer luminar da ciência. Realizaram simplesmente o papel cidadão de cada participante – diretor, professores, técnicos em educação, alunos e pais – assumindo a tarefa do Estado a que pertencem. É a única maneira de informar a estrutura do Ministério da Educação que deverá organizar, a partir do conhecimento objetivo da realidade em todo o território brasileiro, sobre as necessidades de uma estratégia política educacional. Assim permitem que os teóricos da pedagogia amarrem os seus conhecimentos no chão brasileiro e conjuguem os conceitos de educação e ensino.

A partir de uma experiência concreta que obteve o maior êxito ao vencer cidadãmente todos os problemas locais de educação social e ensino escolar no exame nacional e, ainda formar um dos alunos para vencer todos os concursos de matemática organizados no país, os vastos conhecimentos de pedagogia poderão servir aos interesses brasileiros formando, ao mesmo tempo, alunos e professores formados nas escolas das diferentes realidades brasileiras com uma meta comum que é a participação popular no desenvolvimento nacional.

A receita parece fácil, não fossem os boicotes exercidos por intermediários entre os casos concretos e os que traçam a estratégia do ensino nacional e distribuem os recursos. Enciumados e inseguros da sua própria capacidade profissional, não faltam opositores ao êxito democrático dos cidadãos que não querem pertencer à elite mas sim fazer funcionar o Estado brasileiro. Cabe aos responsáveis do ME olhar de perto a realidade e separar o joio do trigo que fica no caminho.