quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Brecht sempre presente!

Como diria Bertolt Brecht: Não queres continuar a trabalhar conosco
Segue abaixo um poema atualíssimo de Bertolt Brecht. Penso no Brasil, na Venezuela, em Cuba, na China, em todas as nações que lutam hoje contra o imperialismo, mesmo no povo norte-americano, no inglês, no francês, no alemão que, como os do Oriente Médio e demais territórios deste vasto mundo, vivem a crise insolúvel dos sistemas nacionais do capitalismo.

Não queres continuar a trabalhar conosco

"Ouvimos dizer: não queres continuar a trabalhar conosco.
Estás arrasado. Já não podes andar de cá para lá.
Estás muito cansado. Já não és capaz de aprender.
Estás liquidado.
Não se pode exigir de ti que faças mais.

Pois fica sabendo:
Nós o exigimos.

Se estiveres cansado e adormeceres
Ninguém te acordará nem dirá:
Levanta-te, está aqui a comida.
Porque é que a comida havia de estar alí?
Se não podes andar de cá para lá
Ficarás estendido. Ninguém
Te irá buscar e dizer:
Houve uma revolução. As fábricas
Esperam por ti.
Porque é que havia de haver uma revolução?
Quando estiveres morto, virão enterrar-te
Quer tu sejas ou não culpado da tua morte.

Tu dizes
Que já lutaste muito tempo. Que já não podes lutar mais
Pois ouve:
Quer tu tenhas culpa ou não:
Se já não podes lutar mais, serás destruído.

Dizes tu: Que esperaste muito tempo. Que já não podes
ter esperança.
Que esperavas tu?
Que a luta fosse fácil?

Não é esse o caso:
A nossa situação é pior do que julgavas.

É assim:
Se não a levarmos a cabo o sobre-humano

Estamos perdidos.
Se não pudermos fazer o que ninguém de nós pode exigir
Afundar-nos-emos.
Os nossos inimigos só esperam
Que nós nos cansemos.

Quando a luta é mais encarniçada
É que os lutadores estão mais cansados.
Os lutadores que estão cansados demais, perdem a batalha."

Bertolt Brecht

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Deixemos o caos para as elites

Deixemos o caos para as elites


O caos é uma bolha que devemos deixar fora do nosso caminho. Na verdade, hoje coexistem várias bolhas caóticas que atraem diferentes ambições de protagonismo e de poder. A crise do sistema capitalista arrasta-se deixando milhões de mortos e feridos além de arruinar a natureza animal, vegetal, mineral e humana e roubar a liberdade de pensar dos humanos impondo a sua cretinice que convém aos exploradores.

Basta ver o baixo nível mental e ausência total de dignidade dos promotores de guerras, como Trump ou Netanyahu, e os seus lacaios na União Europeia ou nas ditaduras que sobrevivem com o oxigênio financeiro capitalista e o mercado internacional animados pela mídia venal e as habilidades em criar fake news que paralisam os Estados de Direito em vários continentes. Foi criado o caos jurídico e político que serve de apoio às decisões superiores internacionais de invadir países, bombardear cidades, formar terroristas, matar populações civis, promover migrações desesperadas, forjar e divulgar relatos falsos sobre a História, fabricar robôs mascarados para altos cargos políticos a partir de imbecís vaidosos, fraudar eleições nacionais, pintar de dourado a mediocridade cultural para estupidificar e corromper as populações controladas por meios de comunicação dirigidos por predadores. O sistema expele uma droga que entorpece a razão natural do ser humano.

Sem critérios de Dignidade individual e de Justiça social, a prática da guerra militar foi substituida pela ciência que inocula químicos nos alimentos, na pulverização, nos solos agrícolas, e na deformação psicológica causada pelas falsas mensagens culturais e o exacerbar de emoções sob controle tecnológico. O sistema do capital atingiu o seu máximo poder destrutivo depois do fim da Segunda Guerra, lançando a bomba atômica experimentada criminosamente contra as populações civis de Hiroshima e Nagazaki, no Japão que ousou defender-se dos Estados Unidos afundando a esquadra que o ameaçava em Pearl Arbor e construindo a falsa descrição do "anticomunismo".

O preconceito anticomunista foi uma arma criada pela elite capitalista com os demais preconceitos medievais. Sendo uma meta de uma ideologia socialista que defende as populações mais pobres, todas as minorias segregadas como "inferiores", preconizando a responsabilidade do Estado em atender a todas as necessidades essenciais do povo - saúde, educação, formação profissional, emprego, transporte e habitação - ameaça as formas ideológicas de direita que oprimem e exploram para obter lucros que enriqueçam a elite no poder.

O nazismo é consequência da ditadura imperialista

Os países capitalistas mais desenvolvidos precisaram, depois da Revolução Socialista na Rússia, recorrer ao Estado Social para sobreviverem com alguma independência dando melhores condições de formação à população (como os nórdicos ainda hoje conservam e na Inglaterra e França foi destruido pelo liberalismo dos "Chicago boy's"). Com a centralização financeira e militar imposta pelo imperialismo no mundo capitalista globalizado, agora a União Europeia obedece a Trump e enfrenta a acensão do nazismo nacionalista dos seus grupos de direita.

Apesar dos milhões de mentiras divulgadas mundialmente durante 70 anos, para promover os "aliados" como os vencedores de Hitler e omitir a vitória incontestável alcançada pelo Exército Vermelho, comunista, que chegou a Berlim depois de destroçar as forças nazistas, hoje as novas gerações que resistem à cultura midiática imbecilizante, homenageiam o Exército Vermelho e a educação social soviética que formou uma população com princípios éticos e respeito pela ciência e a arte. Os 40 milhões de mortos e feridos, do povo russo e de seu exército, que se sacrificaram nessa epopéia, são recordados todos os anos pelos que sofreram os boicotes e fake news da guerra fria imperialista que destruiu o socialismo na Europa de Leste privando-os de uma vida saudável e de paz.

Os filhos e netos dos que conheceram os benefícios da vida solidária e democrática do sistema socialista, (quando tinham a garantia de habitação, tratamento de saúde, ensino desde a base à universidade, formação cultural, artística e desportiva,) hoje tornados pobres nos seus países vencidos pelo império, ou tendo emigrado para se sujeitarem aos trabalhos braçais e mal remunerados que o sistema capitalista oferece, formam comunidades "soviéticas" para darem aquela formação humanista elevada aos seus filhos. Em muitos países, da Europa aos Estados Unidos, o dia do fim da "Guerra Patriótica" é celebrado por russos, ucranianos e de outras nacionalidades unidas na União Soviética, e com a adesão dos militantes e simpatizantes de esquerda, em festas públicas que reproduzem a imagem dos militares soviéticos em marcha e apresentam espetáculos artísticos daquela época com seus filhos como atores talentosos. O termo "soviético" tornou-se símbolo de um momento histórico mais elevado e humanista.

Dignidade e Justiça são fundamentais

A natureza humana não sobrevive sem o convívio socia, tendo como pilares a dignidade e a justiça. São os princípios que lhe dão confiança para o relacionamento humano e o intercâmbio de experiências e afetos, o desenvolvimento do conhecimento e a criação de soluções de vida, a solidariedade e o respeito, a superação das condições irracionais e o aperfeiçoamento mental, a elaboração e a sensibilidade culturais. Do indivíduo na família ao cidadão na sociedade, do lugar onde vive à nação que é a sua pátria, a sua integridade será definida pela dignidade que preza para si e para o Estado da Nação. Este é o resultado de dois mil anos de História da humanidade.

Chegamos a um tempo que abre um caminho de paz com o fim dos inúmeros preconceitos criados na Idade Média para selecionar a elite poderosa - racista, machista, homofóbica - que a partir da Revolução Socialista difundiu com a mesma perícia medieval o preconceito "anti-comunista". A elite recusa a ideologia que abre caminho para a verdadeira igualdade de condições de vida para os povos, ou seja, que implanta a verdadeira democracia. Para retardar o estabelecimento da Paz, o sistema capitalista ainda mantém o caos para matar populações discriminadas, cultivar a violência, destroçar a dignidade humana e os valores éticos indispensáveis ao desenvolvimento mental e econômico da humanidade.

Assistimos à concentração do capital nas mãos de uma elite que se distancia e desconhece a realidade em que sobrevive a maioria explorada e vítima de um processo de destruição lenta da sua capacidade criativa. Hoje é visivel também a quebra dos valores institucionais básicos nas Nações, tal como ocorre no Brasil mas também desponta nos países da Europa, que elimina o sistema judicial e o da defesa militar para melhor impor os crimes que vão da corrupção aos assassinatos e roubos dos patrimonios criados pelo povo. Forma-se uma elite internacional, sem escrúpulos, enlouquecida pela ganância e sem qualquer sentido humanista. O seu poder impõe o caos que destrói o próprio sistema de produção de que se alimenta financeiramente.

Ao longo da história a humanidade evoluiu a partir dos seus valores éticos e dos conhecimentos adquiridos,  estabelecendo um diálogo com as estruturas responsáveis pela sua formação e com a estrutura administrativa do Estado. A resistência da elite poderosa à evolução histórica do conhecimento impede que o próprio sistema evolua, determinando uma crise insuperável. Passaram a afirmar arbitráriamene o poder protegido pelas armas mercenárias e pela autoridade auto-proclamada. Estagnaram os conceitos jurídicos destruindo a validade das leis transformadas em armas, vazias de significado social.

Respostas crescentes

Diante do caos nascem em todo o mundo, como no Brasil invadido pelo imperialismo e pelos covardes que ocuparam o Governo, as manifestações corajosas de resistência. Partidos e Igrejas revêm a sua história para reorganizarem formas de maior aproximação com os setores mais pobres que foram marginalizados na sociedade. A união entre todos permitirá superar preconceitos e misérias impostos pelas elites exploradoras. Os intelectuais somam os seus conhecimentos para divulgarem noticias verdadeiras que combatem as mentiras de uma mídia corrupta a serviço dos que fraudaram as eleições. A solidariedade internacionalista soma a sua força e pressiona os organismos da ONU para combater o autoritarismo imperial que ameaça o mundo capitalista.

As revelações do Intercept desacreditaram Sérgio Moro e Dalagnol que desqualificaram o sistema judicial brasileiro, perante os povos e as instituições internacionais, que não poderão silenciar diante do descrédito que ameaça as bases jurídicas do sistema capitalista mundial.

O poder centralizador do capitalismo, que dá origem às idéias nazistas, desperta a consciência de todos os que defendem as forças produtivas da sua Pátria e o desenvolvimento econômico e social que garantem a soberania nacional de cada país. A corrupção sistemática, proporcionada pelas elites do sistema capitalista, tem fomentado as vaidades pessoais e o egoísmo dos oportunistas, mas a justiça é o antídoto reclamado pelos povos expoliados e pelos cidadãos com formação ética. Reforcemos a resistência e a unidade com Lula Livre e o Brasil limpo!

Zillah Branco

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

A presença visível dos militantes de esquerda



Para quem vive na Europa é muito difícil acompanhar os sacrifícios crescentes a que ficou sujeito o povo brasileiro a partir do golpe de Temer - que agora se percebe como a espoleta de uma destruição da Justiça e da Segurança no Estado Brasileiro que germinava ha alguns anos sob a cobertura de uma tênue manta democrática. A mídia hegemônica, departamento do império norte-americano que cobre também a Europa, "fakea" historiazinhas pontuais que desvirtuam completamente a realidade que podemos conhecer através do Vermelho e outros jornais de esquerda e com os videos da mídia alternativa, progressista, que tem mantido um trabalho incansável e cada vez mais aprofundado sobre a realidade nacional e seus vínculos com o setor internacional (tanto o predador colonizante, como as demonstrações de solidariedade com a luta de esquerda).

O somatório dessa mídia progressista e revolucionária, representa uma ponta de lança que se consolida contra os invasores e os traidores da Pátria (covardes e corruptos) que aponta a necessidade da Frente Ampla que se forma em torno do conhecimento da história econômica e social do Brasil que sempre permaneceu dependente da estrutura capitalista global que na crise concentra o poder imperialista. Como bem aponta Lula, o grande passo dado com a aplicação do seu plano de emancipação econômica do Estado e aplicação de benefícios sociais para o pleno desenvolvimento dos cidadãos, não teve  o tempo necessário para se completar. Podemos acrescentar que não chegou a superar a dependência que ficou contaminando a economia financeira e o sistema jurídico do país.

Estas entrevistas na mídia de esquerda, alternativa à hegemônica, com especialistas de vários ramos da ciência social, com jornalistas que têm boa técnica para revelar aspectos da realidade, com políticos de esquerda que participam da luta nacional, com líderes populares, de sindicatos ou associações específicas de setores sociais ou religiosos, constitui um verdadeiro curso de nível superior aberto a quem se soldariza com a luta contra a invasão imperialista e a destruição do Estado de Direito no Brasil. Merecem louvores especiais os que, como a nossa Vanessa e Lindberg, ex-senadores, assumiram a função de jornalistas contribuindo com a especialidade adquirida no Parlamento. E, na ausência de um e outro, militantes do PCdoB e do PT ocupam o posto enriquecendo com as suas experiências pessoais. Ficaria demasiado longo o texto se fossemos lembrar cada um dos valiosos canais e blogues que compõem esta universidade virtual.

Como atingir o povo marginalizado

A partir da divulgação pela internet, com a criação de textos sintéticos tipo cartilha, os militantes poderão promover outras formas de divulgação que chegue a toda a população nos contactos habituais com moradores. Onde se formam grupos poderão ser projetados videos que provocam debates - em bares populares, nos jardins públicos, etc. De alguma maneira poderemos combater a destruição do plano de formação iniciado por Lula, criando pequenos cursos participados por todo o país que serão sementes de uma nova consciência.

A coordenação pelos partidos a que pertencem os militantes que reproduzem a informação da universidade virtual, permitirá, por seu lado, a absorção do conhecimento da realidade e sua transformação dinâmica que vai alimentar a participação popular nas manifestações e o aprofundamento do conhecimento básico necessário à coesão da Frente Ampla em torno de projetos de ação e planos de governo. Só assim superamos a herança do pêso oligárquico da História nacional e a tendência a nomear a personalidade mais competente para conduzir o país, e os múltiplos preconceitos que dividem a população, as classes, até as famílias.

O modelo de escolas do MST, a pedagogia para alfabetização cubana, as idéias libertadoras de Paulo Freire e a experiência da universidade digital, constituem esteios para abrirmos o caminho da participação popular e do desenvolvimento de uma consciência socialista de Estado.

Zillah Branco