terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Os donos do poder constroem a depressão



Os laboratórios farmacêuticos transnacionais empurram a medicina moderna para desenvolver conceitos que classificam as doenças mais frequentes na sociedade moderna desviando a atenção da construção política de um imenso vírus, pelos donos do poder mundial, para liquidar a humanidade e a natureza no planeta. O problema não está apenas no âmbito da medicina, a qual é usada como um dos meios de comunicação social, está em todos os que detêm alguma forma de poder e se tornam coniventes com a missão destruidora negando-se a fazer a denúncia das origens dos males e a buscar o antídoto. Trata-se de uma questão de consciência da realidade e do compromisso ético de combater a catástrofe.

Os casos mais graves de terrorismo político, hoje ocupando a chefia dos Estados Unidos, através de Trump (que, diante das trajédias escolares que aumentam, recomenda que os professores saibam usar armas e ensinar aos alunos) e de Israel, por Netanyahu (que persegue os palestinianos e ameaça outros povos árabes, impedidos de viver em paz), não recebem o tratamento psiquiátrico necessário e dirigem poderosas máquinas militares e financeiras em nome dos seus povos a caminho do desastre planetário com as ameaças de guerra atômica. Os seus respectivos povos tornam-se coniventes com os crimes na medida em que não os substituem no governo nacional. Também a ONU, ao se manter calada a espera de "apoios legais" diante do risco imposto à humanidade, vê-se impotente e conivente com a ameaça de terrorismo planetário que paira sobre todos.

Com a imagem das invasões externas trazidas pela mídia internacional, do terrorismo mercenário, da mortandade de civis, de crianças órfãs sujeitas ao tráfico de escravos, de jovens estupradas, de legiões de famélicos expulsos de suas terras, da rejeição dos países ricos aos imigrantes de diferentes etnias, das prisões superlotadas por quem roubou para alimentar a família, das mães com bebês ao colo ou grávidas atiradas em cárceres imundos, das crianças que crescem nas ruas tendo por heróis os bandidos espertos e cruéis, e os abusos de poder contra os mais fracos, ou a despudorada corrupção que compra políticos venais e os elege forjando uma aparente democracia, qualquer pessoa que tenha um dia conhecido a esperança de viver em paz está sujeito a entrar em depressão. Mas há níveis de depressão a combater antes de se tornar uma doença: a decepção, a tristeza, a frustração, a raiva, a impotência, o desânimo, a alienação. Alguns recorrem às utopias, aguardam "milagres", outros confiam nas reformulações das leis deixando a responsabilidade dos sofrimentos alheios a prováveis erros processuais cometidos por outros. Sendo verdadeiramente honesto consigo mesmo e com a humanidade, ainda estará em tempo de redefinir a sua capacidade de sentir e fazer e encontrar o caminho do trabalho e da luta.

O jornal espanhol, "El país", divulgou as palavras do secretário-geral da ONU, António Guterres, recolhidas na cerimônia em que a Universidade de Lisboa fez a entrega do título de "doutor honoris causa" ao ex-Primeiro Ministro de Portugal que hoje ocupa o cargo de Secretário Geral da ONU.

António Guterrez "defendeu a criação de regras globais para minimizar o impacto da ciberguerra sobre os civis."

“Já existem episódios de guerra cibernética entre Estados. E o pior é que não há um esquema de regulamentação para esse tipo de guerra, não está claro se aí se aplica a Convenção de Genebra ou se o Direito Internacional pode ser aplicado nesses casos”, reconheceu o principal dirigente da ONU mostrando-se preocupado com os novos desafios do mundo, como a mudança climática e a revolução tecnológica. E também com os novos sistemas de fazer guerras no mundo.

“Ao contrário das grandes batalhas do passado, que se iniciaram com um bombardeio de artilharia ou aéreo, a próxima guerra começará com um ciberataque maciço para destruir a capacidade militar, sobretudo do comando, do controle e da comunicação, com a finalidade de paralisar as tropas e a infraestrutura básica, como as redes elétricas”, disse,  “para evitar riscos reais”. “Estamos totalmente desprotegidos de mecanismos regulatórios que garantam que esse novo tipo de guerra obedeça àquele progressivo desdobramento de leis de guerra, que garanta um caráter mais humano naquilo que é sempre uma tragédia de proporções extraordinariamente dramáticas”, afirmou.

Guterres ofereceu a ONU como mediadora de Governos e empresas, cientistas e universidades para estabelecer protocolos de modo que o uso da web seja feito com benefícios para a humanidade. “Nós todos temos de nos unir, não só os Estados, para garantir que a Internet seja um bem para a humanidade. As normas tradicionais, por intermédio de Estados ou convenções internacionais, não estão hoje adaptadas à nova realidade porque são lentas.”

Tais pronunciamentos, feitos por uma personalidade que está na cúpula visível do poder político mundial, define um quadro depressivo grave que não se resolve com medicamentos tranquilizadores. Tem o mérito de associar Guterres ao comum dos mortais que, por consciência política já há anos vem denunciando, na luta  pelos direitos humanos e sociais sustentada pela esquerda internacional militante, a ação destruidora erguida meticulosamente pelo domínio imperialista contra os povos e a humanidade em geral.

Mas, é preciso aguardar que a lucidez do alto dignitário da ONU seja somada à coragem de reconhecer que os que lutam por uma sociedade realmente justa o antecederam na descoberta do lado certo do combate, à esquerda. E foram duramente perseguidos e desprezados por defenderem a classe trabalhadora e condenarem a elite exploradora que ocupa o poder onde ele se situa. Esta é a função dos que ocupam um poder nacional ou internacional.

Esta mudança na percepção da raiz dos crimes na organização do poder em cada Estado e no Mundo, que o sistema capitalista define pelo controle das finanças e propriedades econômicas, decorre da crise sistêmica que se tornou avassaladora nos últimos anos, com a sucessão de invasões militares com o falso pretexto da "defesa dos princípios democráticos" ou de "pacificação de grupos religiosos ou etnias" que se confrontam em um território em que convivem forçados historicamente por pressões colonialistas seculares.

A mídia só recentemente passou a dar alguma divulgação às comprovadas formas de apoio, por Governos de nações ricas, aos grupos terroristas que agem na promoção de conflitos internos nos países cobiçados, destacando-se a criação, treinamento e armamento do grupo criminoso intitulado Estado Islâmico (nome visivelmente criado com a intenção de condenar os adeptos do islamismo). Durante anos a mídia ocultou a raiz da propaganda imperialista contra nações do Oriente Médio e norte da África que foram invadidas por forças da NATO, que era a existência de riquezas minerais como o petróleo e outras, ou no caso de antigas repúblicas soviéticas onde o interesse maior é o domínio de áreas geopolíticas. Curiosamente foram divulgadas informações políticas e militares a partir de jovens agentes da CIA que, tal como Guterres, despertaram para a compreensão do perigo planetário que representa o poder imperial, mas que agiram corajosamente e com perda da liberdade pessoal, utilizando a internet para se sobreporem ao bloqueio midiático e informarem a humanidade sobre a perversidade da polícia do Mundo.

São mudanças pontuais, de profundo valor ético e político, que comprovam a existência das leis dialéticas e, exigem cada vez maior esclarecimento científico para a formação de uma consciência da realidade social que condiciona a vida no planeta. Este caminho encontrou um grande impulso nas transformações processadas no Vaticano que hoje encontrou no Papa Francisco um elemento capaz de corroborar com o valor da Teologia da Libertação que germinara anteriormente na Igreja Católica mas encontrava fortes obstáculos internos à sua difusão.

Que cada um, ao assumir uma consciência da realidade em que vivemos (e em que muitos milhões de inocentes estão morrendo), desenvolva com coragem e objetividade as suas capacidades de defesa da sociedade humana, seja animado por crenças religiosas, solidariedade fraterna ou convicções científicas.

A maioria das formas de depressão (sentidas como frustração) não precisam ser dopadas como processo de cura alienante, não são uma doença para quem pode agir e ainda tem força para pensar com respeito no ser humano e no benefício da fraternidade em sua defesa. Muitas formas de aparente "depressão" podem ser superadas com a participação em movimentos sociais que agem contra as raízes dos problemas políticos e sociais que hoje vivemos, deixando de lado as "leis engessadas" e os "medos" que, pela sua imobilidade, impedem acções dinâmicas que correspondem ao momento histórico do processo de vida.

Zillah Branco


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