terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Brilha o Sol no Sul



21 DE JANEIRO DE 2014 - 4H19

Brilha o sol no sul

Zillah Branco *

 O planeta é redondo e gira em torno do Sol. Quando faz calor no Sul é inverno no Norte. Em um mesmo Império, o Britânico, no Canadá morrem de frio, como nos Estados Unidos, e na Austrália os incêndios devastam plantações, casas e gente. Mesmo assim, o que acontece do lado oposto ao "meu" vai alterar as condições da "minha vida".


Isto é demonstrado com maestria e atualidade o livro de Kathrine Kressmann Taylor, escrito em 1938 sob o título "Desconhecido nesta morada". Divulgado e traduzido em várias línguas ao começar a guerra contra o fascismo na Europa, foi proibido pelos nazistas e ficou em silêncio por meio século quando a guerra tornou-se fria. Hitler fora vencido pelos aliados que precisaram incluir a URSS para alcançarem a vitória.

Hoje sabemos que apesar de mortos os líderes nazistas, o fascismo não morreu. Apenas foi congelado para reaparecer como primavera em diferentes países da Europa e no Oriente Médio depois que a URSS foi liquidada.

"Uma história dos tempos modernos que é a própria perfeição. O mais eficaz dos libelos contra o nazismo alguma vez surgido numa obra de ficção", escreve o “The New York Times Book Review”, e “Publishers Weekly acrescenta”: "Desconhecido nesta morada serve não apenas para que não se esqueçam os horrores do nazismo, mas também como um aviso face a atual intolerância racial, étnica e nacionalista", o livro é republicado em Lisboa em 2002 pela Editora Gótica, coincidindo com a salutar viragem política no Brasil trazida por Lula e mantida por Dilma.

O livro é escrito sob a forma de cartas entre um judeu norte-americano proprietário de uma galeria de arte em San Francisco e o seu antigo sócio que regressara à Alemanha.

Revela as perversidades que o nazismo despoleta e que o alheamento em que vivem os privilegiados que ainda gozam os bons efeitos do sol fechando o entendimento à moderna escalada fascista que assola as populações mais pobres unidas pelo euro à rica União Europeia que se casa com o FMI.

Eu não gosto de estragar a festa, mas convém prestar maior atenção aos efeitos das mudanças climáticas e políticas, e ao florescimento nazista crescente e à miséria que mata no continente ao lado e institui a moderna escravidão dos que emigram devido ao desemprego gerado pelo poder financista que substituiu a velha monarquia da ex-rica Europa.
* Cientista Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde.

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