quinta-feira, 26 de junho de 2014

"Do nosso Mundo sabemos menos do que urge saber",

“Do nosso Mundo sabemos menos do que urge saber”,
parodiando o herói cubano José Martí



Esta frase permanece de grande atualidade e o seu sentido profundo aplica-se a todos os países onde os povos vivem dentro das condições impostas pelo imperialismo e são levados a pensar informados pelos meios de comunicação que selecionam os temas manipulados pela estratégia do centro de poder do sistema dominante.

O noticiário divulgado pela mídia internacional alterna agressões à populações civis de nações fragilizadas políticamente pela ação divisionista provocada por forças externas de quem cobiça as riquezas naturais daqueles territórios ou a sua situação geo-estratégica, com a exibição de competições desportivas e a ostentação de riquezas ao alcance apenas de uma elite ao serviço do poder imperial. Alimenta o individualismo, a desagregação das comunidades, a ação egoísta sem vínculo ao interesse coletivo nacional, a ambição pela riqueza material e o desprezo pelos valores éticos da humanidade.

Com o uso desta técnica de controle cultural, que desde a Grande Guerra foi elaborada minuciosamente com os condimentos herdados dos regimes fascistas e das tradicionais monarquias combinados com uma cobertura republicana de feição democrática, criaram um pensamento único de modernidade capitalista na Europa, para servir de obstáculo à liberdade revolucionária construída com o socialismo na União Soviética que inspirou movimentos de independência nos países colonizados.

A velha "manipulação"

Nos países considerados desenvolvidos - que desempenharam papéis históricos de navegadores intrépidos ao abrirem rotas para os colonizadores e as nascentes empresas de comercialização mundial que espoliaram as riquezas dos povos do Novo Mundo e escravizaram os nativos considerados sub-humanos - teve início uma estratégia financeira de uma burguesia que sustentava as monarquias e a usava como ponta de lança nas guerras internas e de conquista de espaços mundiais que deu origem à delimitação dos atuais territórios nacionais.

A iniciativa de expansão fascista de Hitler contou com o apoio de ditadores como Mussoline, Salazar e Franco - que consolidaram os seus poderes com base na estrutura criada por movimentos republicanos expulsando da participação política os pensadores socialistas inspirados no ideário da Revolução Francesa de criação de um Estado democrático que atendesse às necessidades do povo considerado "cidadão".

Constituiu-se o grupo de "aliados" com o objetivo de impedir a anexação das repúblicas existentes em regime democrático, o qual recorreu aos monarcas destronados pelos ditadores como forças mediadoras nos seus países com a face democrática necessária para atenuar o autoritarismo anti-popular dos povos que serviam como soldados na luta "anti-fascista" continental.

O poderio de Hitler era militarmente superior e os "aliados", assessorados pelos Estados Unidos, viram-se forçados a recorrer ao decisivo apoio da União Soviética, apesar de considerá-la inimiga, para vencer a ameaça no interior do continente europeu.

A programação de uma cultura "útil"

Com a subtil "guerra fria", em que os meios de comunicação e as reformas sociais democráticas mascararam o caminho imperialista dominante nos países mais ricos, os "modelos de pensamento" foram inoculados na cultura mundial com apoio do sistema de ensino e investigação em institutos superiores. Surgiu uma geração "GPS" selecionada para cargos públicos ou políticos como se tivesse origem em "chocadeiras apátridas". A cúpula do poder imperial, que antes da queda da URSS aparentemente se situava nos Estados Unidos, tornou-se também sediada no Clube Bilderberg, com moeda própria e aparente autonomia da União Europeia. As casas reais continuam a aperfeiçoar a sua condição de mediadora com a nova geração de príncipes agora formada em academias militares e de formação empresarial superior norte-americanas, que substitui a desgastada que permaneceu dependente do modelo já superado historicamente.

A programação dos "GPS" delimita a informação social que anuncia guerras "necessárias" como diz Obama ao receber o Prêmio Nobel da Paz, assim como anima as populações com movimentos conflituosos com títulos florais como "Primavera Árabe" para se contrapor à Revolução dos Cravos, intercalados por mega-promoções desportivas ou turísticas que dinamizam a circulação financeira e absorvem a atenção popular nos momentos de insucesso bélico.

Existe uma alternativa

Impõe-se um pensamento objetivo sobre as realidades concretas que em cada nação aponta para a construção (e não a destruição) da humanidade e os seus valores éticos.

José Reinaldo Carvalho, dirigente comunista brasileiro escreveu (Portal Vermelho 20/06/14) : "Conta-nos a prestigiosa agência noticiosa cubana Prensa Latina, (...) que intelectuais de todo o continente americano participam desde a última terça-feira (17) no colóquio internacional “O Anti-imperialismo Latino-americano, Discursos e Práticas”, na capital da Nicarágua. O objetivo é discutir sobre as novas iniciativas de autonomia latino-americana que mostram a atualidade da ideia do anti-imperialismo na região. O evento tem a chancela da Universidade Católica Redemptoris Máter, de Manágua, e do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), além de outras instituições.

A atual conjuntura internacional, carregada de ameaças à paz e à autodeterminação dos povos, é propícia para novas reflexões, o intercâmbio de ideias e análises em torno da questão do imperialismo e do anti-imperialismo, como categorias e práticas sociais e políticas sempre presentes nos debates e na luta de ideias, o que, nas condições em que se desenvolvem as lutas dos povos latino-americanos, assume proeminência na região.(...)

Temas em destaque, como o exercício da hegemonia estadunidense nas novas condições em que esta potência declina historicamente e se defronta com uma realidade em que emergem outros polos de poder geopolítico, merecem a atenção no evento nicaraguense, enriquecendo o debate sobre o anti-imperialismo na América Latina.

A tendência principal em nossa região continua sendo a do aprofundamento das conquistas democráticas e patrióticas que se sucedem às vitórias eleitorais das forças progressistas em muitos países. Igualmente, avança a integração de países e povos soberanos, com a criação da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, a Celac, que contraria os interesses do imperialismo norte-americano na região e provoca reações de tipo intervencionista, tentativas de golpe, fomento à contrarrevolução, cerco econômico e político, como se faz atualmente contra a Venezuela bolivariana".

"Do nosso planeta sabemos menos do que urge saber"

Nos países europeus multiplicam-se as manifestações populares contra os "governos apátridas de turno" que impõem a austeridade que miserabiliza a população para pagar uma dívida criada pelo sistema financeiro multinacional e destrói as forças produtivas e o património nacionais em benefício de um "governo mundial". Crescem as adesões de personalidades democratas e patriotas de várias origens partidárias e religiosas. É visível a falência ética da União Europeia confrontada com a CELAC que, na América Latina, defende a autonomia e o desenvolvimento dos países que a compõem.

Pesem as pressões e múltiplos obstáculos, a História é realizada pelos trabalhadores e suas famílias e a liberdade de pensamento abre o caminho para a evolução dos povos.

Zillah Branco

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