quinta-feira, 6 de novembro de 2014

 - Edição Nº2136  -  6-11-2014

O FMI e o seu rasto
de «décadas perdidas»
A América Latina conheceu a sua década perdida nos anos 80. Detectada a inoculação do vírus que reduz o PIB de cada nação controlado pelo FMI com a sua medicação neoliberal, reagiu com uma dose forte de democracia e soberania, e criou o Mercosul, a CELAC e sobretudo a ALBA com o seu carácter anti-imperialista para efectuarem a vacina em todo o continente unido. Mas o império, ao perder a antiga clientela submissa emigrou para a Europa depois do início do século XXI, além de continuar a destruir os países árabes onde o petróleo jorrava.
Coincidiu com os objectivos das grandes empresas financeiras europeias que conduzem bancos e seguros à falência (fenómeno ocorrido nos Estados Unidos onde foram formados os «especialistas» que hoje estão no topo da União Europeia, como Moedas e outros notáveis...), a criação de fortunas familiares de uma elite esbanjadora e de governantes «facilitadores» que vendem ao desbarato o património nacional para remediar as dívidas contraídas com Bancos Centrais internacionais e reduzir à miséria os trabalhadores dos países mais pobres.
Curiosamente a Europa entra na fase da colonização, do lado oposto ao que esteve no século XVI, e a União Europeia, ao contrário da CELAC latino-americana, associa-se ao FMI para iniciar a «década perdida» no continente que sustentou longamente o título de «civilizador» para o mundo.
Portugal, assim como outras nações pobres da Europa, exporta trabalhadores e universitários recém-formados, reduz o número de nascimentos, apressa a morte dos idosos mal alimentados e decepcionados com as traições da política anti-social, fecha empresas e interrompe produções nacionais, desorganiza os sistemas de Justiça, Educação e Saúde, espolia os recursos familiares através de impostos e cortes nos antigos benefícios previdenciários.
Mas os países mais ricos também sacrificam os seus povos: a Alemanha teve uma redução de quatro por cento na produção industrial, o que determina a desaceleração da economia, está previsto um rescimento de 1.5 por cento do PIB para este ano e um crescimento provavelmente nulo em 2015. Sofrerão mais os que lá estão como imigrantes.
Isto para não falar da preocupação que hoje afecta todos os países do continente, onde foi definida a necessidade do Estado Social para a sobrevivência do capitalismo.
O jornalista alemão Harald Schuman entrevistou (e divulgou a gravação na Internet) vários governos europeus a quem fez a pergunta: «Se a Europa salva os bancos, quem paga?» Eles responderam que «estão a salvar a economia da Europa, mas sabemos que os beneficiários são os bancos escolhidos pelo Banco Central».
Um estudo do Credit Suisse (referido pelo jornal The Guardian) mostra a «aceleração da desigualdade, em que o um por cento mais rico da população mundial enriquece mais rapidamente do que o restante da humanidade – as 85 pessoas mais ricas do mundo dispõem de um trilião de libras esterlinas, que corresponde ao que sobra para os 3,5 mil milhões da população mais pobre». Os media, para sobreviverem como órgãos de informação, deixam passar pedaços de verdades que correspondem ao que a realidade sempre mostrou a quem a estuda.
O sacrifício das populações europeias, onde os governantes aceitam o vírus do FMI (combatido na América Latina), começa a ser também denunciado por pessoas que estiveram caladas no seu conservadorismo durante os últimos 20 anos em que os partidos comunistas alertaram para este risco criado pelo euro manipulado pelo Banco Central da União Europeia. Sempre é tempo de aplicar a vacina para salvar as economias nacionais e extirpar o vírus financeiro que está a destruir a humanidade.


Zillah Branco 

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