sábado, 12 de dezembro de 2015

A DIREITA NÃO SERVE PARA GOVERNAR
Zillah Branco
(10/12/15)

A mídia tem revelado o seu espanto pelo ressurgimento da esquerda, eleita para o Parlamento  pelo povo nas últimas eleições e, como sempre oferece espaço com fartura para os políticos da direita que caíram como frutos apodrecidos do anterior governo, divulga uma ideia confusa para que a população não entenda o óbvio. Quanto mais choram a derrota eleitoral,(que permitiu ao PS aproximar-se em tempo da ideologia de esquerda dominante entre os eleitores), mais se enterram no desvendar de um raciocínio desleal com a população sacrificada pela austeridade e com o país, que caminhou para a perca da independência e da soberania sem preservar o património do Estado as suas capacidades produtivas.

Alguns porta-vozes dos destronados do poder chegam ao ponto ridículo de considerarem que foram criados dois governos em Portugal: o do PS que dialoga com a UE e o das forças de esquerda representadas no Parlamento. Não lhes entra na cabeça o princípio fundamental da democracia de que os cidadãos elegem os candidatos capazes de representar os seus interesses no Parlamento para impedir que um governo (como fez o de Passos e Portas) ditem um programa de vida para Portugal desenhado por uma entidade externa que se está borrifando para o que querem os povos de cada país. Os que comandam o sistema capitalista, global no planeta, consideram que todas as questões referentes ao crescimento das economias e sobrevivência das populações devem ser organizadas em função da concentração e aumento do capital nos bancos. Por esta razão só falam em exportação e turismo, voltados para o interesse externo e deixam morrer a pequena e média empresas que abasteciam o mercado interno além de exportar também e atrair os turistas.

A democracia, no entanto, impõe o contrário: primeiro são consideradas as forças produtivas dos países, os trabalhadores e suas famílias, para serem preparados com o apoio governamental e recebam investimentos. A gestão do governo de tais programas reune os recursos disponíveis para assegurar a possibilidade de satisfazer as necessidades nacionais de desenvolvimento, o que fortalece a independência nacional, e o bem-estar da população que produz e consome do mercado interno.

A eleição do governo PS deu-se com o apoio das forças democráticas eleitas, para com elas estudar os problemas a serem tratados no encontro com a UE. Não são dois governos, trata-se do encontro dos governantes com as mensagens democráticas levadas ao Parlamento pela esquerda, como porta-voz que é, dos interesses do povo. A surpresa da direita destronada é porque nunca levou em consideração os interesses populares. Elementar, para quem sabe o que é ser democrata.

O economista Eugenio Rosa, que ha décadas trabalha com a CGTP-IN, oferece a sua análise sempre em defesa do desenvolvimento de Portugal com o bem-estar do povo trabalhador, em sentido contrário à dos políticos da direita submissos aos objetivos da UE de enriquecimento de uma elite financeira. Ele explica: "utilizando dados divulgados pelo INE, a eventual correlação existente entre o aumento das exportações e crescimento económico  que, em Portugal, é fraca para não dizer que é nula,  mostro que existe uma correlação positiva forte entre crescimento económico e aumento da procura interna, e que a recuperação da economia passa pela promoção da procura interna, que exige uma melhor repartição da riqueza criada anualmente e um combate eficaz às desigualdades."

Claramente demonstra que se a população portuguesa recuperar o seu poder de compra, livre do empobrecimento causado pela austeridade (desemprego, emigração, taxas abusivas, cortes salariais e de pensões, etc.), poderá desenvolver a produção nacional (que foi destruída com a política imposta pela Troika) de modo a enriquecer as empresas e também o país.

Além de exigirmos que o governo respeite os interesses e as necessidades do povo trabalhador, devemos também exigir que a mídia não complique as suas análises para que os que a ouvem possam perceber com clareza qual o caminho que defendem.



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