quarta-feira, 13 de maio de 2015

A luta de massas dos trabalhadores, desempregados e emigrantes


Zillah Branco *

Os cérebros financiados pelo centro do poder mundial do sistema capitalista inventam e divulgam teorias que utilizam os conceitos desenvolvidos por Marx acerca da evolução dialética da História dos povos, mascarados com uma profusão de termos teóricos para esquecer o verdadeiro autor e a perspectiva revolucionária, e apresentam um momento da história como sendo a realidade global com a sua imagem paralisada e congelada que anula a dinâmica natural do seu desenvolvimento.


Em outras palavras, apropriam-se de uma idéia livre, transformando-a no seu contrário aprisionado como um roubo qualquer, e divulgando através dos órgãos de estudos universitários e de comunicação social, como "base do conhecimento formador da consciência e a cultura dos povos". Então consideram o sistema capitalista como o único possível e a sua crise financeira como uma fatalidade para toda a humanidade e até a natureza planetária.

Esquecem-se de que a liberdade real não está sujeita à prisão e que o empobrecimento da maioria dos cidadãos no mundo tem aumentado o número dos que são marginalizados dos benefícios sociais do sistema capitalista inclusive o da formação, o que os liberta também da influência nefasta do modelo de robotização veiculado para "congelar a dinâmica da evolução dialética da realidade" em que vive.

As massas trabalhadoras, organizadas em seus movimentos sociais - sindicatos, associações, grupos e partidos - assumem a condução de uma classe explorada, marginalizada, despojada do património da sua pátria e dos serviços do Estado nacional que tem sido vendida a retalho a empresas privadas estrangeiras, a constituírem um exército em defesa da liberdade humana, dos direitos adquiridos historicamente pelos trabalhadores e da soberania nacional do seu país, contra os desmandos de uma elite que se reune a nível internacional no clube dos ricos para forjar a imagem de uma falsa realidade que lhes permite exercer o poder.

"O chefe de Estado da Bolívia participou na inauguração da escola Aniceto Arce, na cidade de Oruro, e recordou que o neoliberalismo, instaurado no país desde 1985, só intensificou a profunda crise e deixou a maioria da população na pobreza.

"Essas políticas legaram-nos mais crise econômica, mais pobreza, mais desemprego. Custaram 20 anos para começar a recuperação do país: as empresas, os serviços básicos, as escolas, tudo estava privatizado. Em alguns países vizinhos tudo está privatizado, até o mar", recordou o Presidente Evo Morales."

A situação a que foram conduzidos os povos europeus pela crise sistémica que levou as instituições financeiras ao desequilíbrio e que a União Europeia tenta compensar com a aplicação da austeridade que retira o poder aquisitivo às camadas sociais mais pobres, levou as nações mais ricas a colonizarem as mais pobres, assim como permitiu à NATO destruir as sociedades em países ao norte da África que serviam como zona tampão para permitir o relativo isolamento das regiões árabes ricas em minérios.

Dessa situação de empobrecimento, surgiu uma grande massa de emigrantes que foge dos seus países em busca de sociedades mais livres onde possam sobreviver, uns com formação profissional que o sistema precisa e pode contratar em países ricos, e outros marginalizados e famélicos que fogem com suas famílias aos bombardeios, e caem nas

malhas de traficantes que os transportam ao oceano atlântico para que sejam "pescados caritativamente" pelos países costeiros como náufragos miseráveis ou cadáveres. Semelhante a esta situação passam do México pelo "Muro" dos Estados Unidos os emigrantes latino-americanos, também sujeitos aos crimes dos traficantes que prestam um serviço ao sistema eliminando fisicamente os indesejáveis. E em outras partes do mundo capitalista surgem esquemas semelhantes, como na Indonésia, resultantes dos conflitos tribais ou religiosos acirrados pelos agentes mercenários do sistema de poder.

Assistimos ao florescimento de povos que foram capazes de coordenar os movimentos sociais produzidos pela luta popular no seu desenvolvimento histórico. Assim como foi possível em Portugal a realização de um momento revolucionário em que criou a nacionalização dos bancos e das empresas fundamentais ao Estado, implantou a legislação do trabalho, deu início à Reforma Agrária com capacidade para gerir os serviços essenciais ao seu desenvolvimento com autonomia, lançou as bases de um sistema nacional de educação e de saúde pública (que levou o centro imperial de poder a destacar as suas figuras máximas no cenário político/ policial - o Secretário de Estado Kissinger e o diretor da CIA Carlucci) para levantar a direita portuguesa contra- revolucionária), na América Latina surgiu o caminho contra o neoliberalismo dominante no final do século passado que se difundiu pelo continente como um rastilho de consciência nacionalista e popular que tem vencido as pressões do imperialismo em crise.

"Por meio do método cubano de alfabetização para jovens e adultos intitulado “Sim, eu posso”, o MST conseguiu zerar o analfabetismo em sete assentamentos da Bahia. Uma comemoração foi realizada no último sábado (9) na Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, no Assentamento Jaci Rocha, e contou com a participação de mais de 300 famílias. "

Estes momentos revolucionário da História não podem ser congelados, apesar de poderem ser retardados pela força militar/criminosa ou pela sobreposição de falsas expectativas de enriquecimento oferecidas pelo "Clube dos Ricos" que promovem grandes eventos com a fantasia da liberdade faustosa e do êxito premiado com milhões e um caminho fácil e cor-de-rosa para os que aceitam a coleira da "dialética congelada".

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Modelo social em crise



Portugal atravessa um período negro da sua História, o que se comprova pela proliferação de crimes contra velhos, moços e crianças da mesma família ou dos vizinhos. A informação social instila, nos seus programas, o ódio desvairado que se traduz em heroísmo de quem não tem perspectiva de vida, tanto através dos filmes norte-americanos como da forma como mente sobre a responsabilidade familiar pela produção de terroristas ou do povo que tem a honra de pagar dívidas feitas em nome do país. A família é, na verdade, a grande vítima deste desespero gerado pela crise de valores que é arrastada no tsunami do sistema capitalista, assim como o povo que sofre a miséria causada pelos que fazem grandes fortunas com os créditos bancários. O "falso moralismo" transfere as responsabilidades pessoais e da elite mandante para o coletivo indefeso.

Dirão muitos que esta é a "cassete" dos comunistas, mas hoje também é a do Papa e dos cardeais e personalidades que o seguem, da CNBB (Conselho Nacional de Bispos do Brasil), que avisam não quererem fazer política mas sim alertar a humanidade para o perigo de implosão selvagem que a ameaça. Na verdade os princípios éticos são tratados como "cassete" pela media de acordo com a sua técnica publicitária para denegrir os próprios valores humanistas, tornando as gerações mais dóceis à formação subliminar de escravos (onde se incluem os funcionários que debitam em público o que receberam como informação dos seus superiores hierárquicos). Cassete é a que atribui culpas às famílias sem apoio do Estado e ao povo que não pode fiscalizar os abusos do poder capitalista que nada tem de democrático, como aos trabalhadores da TAP que fazem uma greve justa para evitar que Portugal perca a sua empresa lucrativa quando bem gerida na grande liquidação feita pelo actual Governo.

O modelo para manter o poder do capital e da elite que o adora como um deus, é tão minucioso e mecanicamente bem montado que parece a tradução estrutural da verdade absoluta. A pirâmide organizada desde a base onde se situam os miseráveis (que apenas podem sobreviver com o que, sobrando, lhes é oferecido como obra da caridade superior dos mandantes) vai acrescentando os que trabalham para se formar e produzir e os que têm algum conforto permitido pelos superiores (os quais se dividem em funcionários  ou agentes da burocracia do sistema, corruptos e corruptores que financiam uma elite beneficiada pela mais valia produzida lá em baixo e pela distribuição das rendas sob a forma de salários no posto político que ocupam e os prêmios deixados pela andanças do dinheiro pelos bancos nacionais e estrangeiros).

Actualmente agravou-se a figura dos comandantes nacionais que, dependendo das ordens transmitidas em inglês desde a cúpula do império mundial, são levados a mentir com cara de santo autista ou a fazerem afirmações de tão baixo nível mental que mereciam nota zero em qualquer exame escolar, profissional ou de consciência. Se receberem um atestado médico de que sofrem das faculdades mentais poderão justificar a insanidade.

O pensamento foi substituído pela norma burocrática e qualquer dúvida ou tentativa de diálogo desencadeia ameaças de destituição do cargo que ocupa, com multas e taxas de desconto financeiro até a penhora dos seus bens. Ditadura do sistema aplicada como se fosse legislação com fundamento jurídico institucionalizado.

O agravamento da situação social, económica e política de Portugal, tem despertado a consciência de personalidades humanistas de diferentes tendências ideológicas, assim como de jornalistas que (mantendo as empresas e empresários com um pé em cada lado do muro) analisam os problemas sociais com objetividade e sensibilidade humana em programas que, ao mesmo tempo, oferecem grandes somas a quem telefonar e responder ao jogo de perguntas. Estas informações sobre a realidade, de alguma forma colaboram no sentido de uma consciencialização dos riscos de desagregação social e desespero sem rumo, que poderão engrossar as manifestações apoiadas e defendidas pelos movimentos sindicais e sociais que enchem as ruas do país.

A polícia e forças para-militares, também sindicalizadas, já perceberam que a organização das massas evitam a explosão descontrolada da população levando a sociedade a um descontrole inevitável, como o que se vê ocorrer quando isoladas as famílias nas suas casas e aldeias remotas. Acompanham os perigos oferecidos pela internet, pelos que comercializam drogas, por grupos agressivos, junto a escolas, junto aos manifestantes, sem ultrapassarem os seus limites profissionais e a legislação que limita os seus direitos de criticar a média e as autoridades nacionais. Mas um grande passo foi dado quando as forças policiais deixaram de cumprir ordens contra a população e passaram a zelar por ela, da qual fazem parte. Actos extremos têm merecido a admiração popular, quando em manifestação popular simularam uma invasão da defesa do Parlamento para em seguida congraçar com os colegas que ali tinham sido colocados para proteger a Assembleia. Outro acto de coragem que desperta o respeito da sociedade, foi o da Guarda Nacional Republicana que levou o protesto contra medidas governamentais de corte salarial de mais de 800 guardas a Tribunal. As garantias que têm estão contidas na Constituição da República do 25 de Abril e defendidas por um poder judiciário democrático.

São sementes democráticas deixadas pela Revolução dos Cravos que transformou os protetores das autoridades em apoiantes do povo em busca de soluções organizadas em regime democrático. Esta realidade não entrou no discernimento das personagens que ocupam o poder executivo no Estado actual. O Governo repete que "Portugal vai bem, o povo é que vai mal", separando o valor do capital do valor das gentes. É a fórmula para produzir desespero, revoltas e terrorismo. Como se vê acontecer na ex-feliz América do Norte, onde a miséria avança e o racismo agrava as tensões que provocam mortes e distúrbios incontroláveis, instituindo na Nação que tem a Liberdade fixada em bela estátua, o terrorismo nas forças policiais e na acção de uma juventude desesperada.

Zillah Branco