domingo, 15 de abril de 2018

A quem serve a guerra?

A quem serve a Guerra?


A guerra sempre foi o maior recurso dos poderosos para extender os seus domínios apropriando-se das terras para produção (e da mão de obra escrava já existente), de situações geo-políticas para crescimento de alianças com vizinhos mais frágeis, e como mercado para a sua produção de armas e destruição de camadas da população pobre transformadas em soldados, ou seja, "bucha para canhão".

A demoniaca "trindade" hoje composta por Trump, May e Macron, deram início a uma agressão à Síria, na madrugada de 14/04/18, como prenúncio da Terceira Guerra Mundial. Cada chefe de Estado age como um robô de um comando superior e papagueia uma estafada justificação de "eliminação de armas químicas" para o monstruoso crime contra a Paz, igual à "comprovada mentira" utilizada para invadir e arrazar o Iraque em 2003. Os agressores não tiveram pejo em repetir uma farsa, que mereceu a denúncia internacional contra a invenção de um pretexto inexistente.

Para o sistema capitalista globalizado a guerra é uma necessidade para: reafirmar o seu poder no planeta, vender armas e consumir material bélico produzido por robôs, apropriar-se da situação geo-política no Oriente Médio, assenhorear-se das reservas de petróleo da Síria, reduzir drásticamente a população civil que já vinha sendo assassinada pelos grupos terroristas financiados pelos Estados Unidos e Israel, e destruir um país que se destacou, entre os demais territórios árabes, por ultrapassar as limitações medievais da cultura religiosa que existe como pressão imposta por famílias dominantes nos países vizinhos, e proporcionar um desenvolvimento moderno ao nível das nações ricas ocidentais.

Para a elite do sistema capitalista que manobra as nações ocidentais mais desenvolvidas foi necessário: levar ao poder governamental pessoas como Trump - visivelmente um boneco de ventríloquo, irresponsável e desprovido de qualidades humanas - e Macron (versão elitista europeia de robô moderninho), e promover o Brexit que deixou todo o Império Britânico submetido ao poder comercial e político dos EU. Foi o primeiro passo para dominar a União Européia e a própria ONU, que ainda mantêm uma ponte social-democrata anti-fascista com a esquerda e as populações que se consideram apolíticas no esforço por construir um mundo onde a paz e o trabalho progressista garantam o desenvolvimento positivo da humanidade.

Com a divulgação das mentiras e das ameaças de catástrofe de uma Terceira Guerra Mundial através da mídia globalizada, a elite comandante pressiona os responsáveis governamentais das nações dependentes da UE para, como nas duas Grandes Guerras anteriores, aderirem à composição "aliada" (agora integrando a Alemanha), na nova "guerra fria" contra Rússia, Síria, e os países que os apoiam na região Oriental. Não utilizam ainda o jargão anterior ("anti-comunismo") que está implícito no conceito de "guerra-fria" referido pelo Secretário da ONU.

Diante dos gravíssimos problemas que têm ocorrido na Europa - com a política de desmonte do pouco que havia de Estado Social e com o desemprego e miserabilização das populações para pagarem as dívidas criadas pela política neo-liberal financeira (e mais a corrupção que levou os governantes a esbanjarem o dinheiro dos contribuintes em obras publicas faraônicas e desvios de verbas incontroláveis), os trabalhadores têm manifestado a sua crescente consciência de classe explorada com manifestações de todas as profissões - dos operários e auxiliares braçais aos tecnicos e cientístas, dos auxiliares de saúde aos médicos, dos porteiros aos professores ou juizes, dos jovens estudantes, artistas, pedagogos, funcionários públicos, bancários, comerciários, todos os que trabalham e desenvolvem a sociedade. E as famílias protestam contra os problemas criados por falta de verbas para manter o ensino e a saúde em condições democráticas e apoio social aos idosos e carenciados. Todos exigem o mínimo que uma social-democracia deveria oferecer.

Os protestos na Europa estão identificados com os que levantam os povos latino-americanos agora sob a onda de golpes também nascidas da mesma elite supra-nacional que declara a Terceira Grande Guerra. Contra quem?

Contra todos os que, de uma forma ou outra, lutam contra os preconceitos que nos marginalizam - raciais, de gênero, de liberdade de expressão - em defesa das populações abandonadas e exploradas que perdem as esperanças de viverem. Contra Lula que é um símbolo do defensor de uma sociedade organizada em função da maioria que é pobre e lutadora. Contra os revolucionários que não desistem de construir uma sociedade justa e soberana!

Lutemos todos contra a Guerra, pela Paz e o respeito pela igualdade e a dignidade de toda a humanidade!

Zillah Branco

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Brasil invadido


O "novichoc" jurídico

A invasão do Brasil deu-se através de uma onda tipo "novichoc jurídico" que minou os canais institucionais através de uma espécie de diarréia mental fatal para a honorabilidade dos seus agentes públicos. Ao que parece, a ameaça externa, com preparação interna na área militar, seria de uso das armas em caso de falhanço nos artifícios jurídicos. Assim se deduz da tranquila informação do general Villas Boas.

Pode-se também pensar que a execução da vereadora Marielle foi uma demonstração da pontaria dos atiradores nas cidades, já fartamente conhecida nos campos onde a população forja os seus líderes mais imediatos que vão sendo eliminados por "jagunços" a mando da elite rural

O golpe introduzido por Temer foi definido como "democrático e justiceiro", mas os seus executantes estão processados por corrupção. Os custos da operação "justiceira" devem ter levado a fonte financeira do golpe a dar um basta nos biliões distribuidos e na crescente chusma de adeptos de mão estendida em troca de uma mentira conveniente.

O que importa agora é entender :

porquê esta sanha contra um operário brasileiro que teve a ousadia de se tornar exemplo mundial de Presidente da República e criar um programa para acabar com a fome de 50 milhões de cidadãos;

retirar as crianças do trabalho escravo;

integrar todos os brasileiros no sistema jurídico constitucional;

criar medidas para permitir que todos os estudantes, quaisquer que sejam as origens étnicas, possam cursar as universidades;

abrir o caminho de desenvolvimento para todas as regiões do país e levar água e energia elétrica para todas as casas;

apoiar as mais diversas iniciativas de produção e criação de emprego;

atender aos problemas de saúde dos milhões de brasileiros;

promover a integração do Brasil nos mais altos escalões da política mundial;

projetar a economia brasileira em associações internacionais pioneiras;

afirmar a soberania da Nação perante todo o planeta;

cooperar com os países latino-americanos para superarem as condições de atraso e subdesenvolvimento;

receber da ONU os louvores pelas conquistas democráticas que animaram os países africanos e asiáticos, ainda em condição de miséria e domínio colonial disfarçado, a levantarem a cabeça ...

Se calhar, foi exatamente por Lula ter feito tudo isto que o imperialismo animou o processo golpista que Temer iniciou e os juizes de vários escalōes se prestaram a dar um tom de justiça.

O STJ envergonhou não apenas o povo brasileiro como a comunidade jurídica internacional ao condenar sem provas um herói nacional à prisão para evitar que concorra às eleições e reponha a democracia que foi enxovalhada no Brasil.



Zillah Branco

terça-feira, 3 de abril de 2018

o fascismo em curso



O xadrêz da mudança para trás

Em 29/03/18, no jornal O Expresso (de centro direita em Portugal) um militar na reserva,        major-general Carlos Branco, escreveu: "Encontramo-nos numa estrada perigosa. Assistimos a algo que se assemelha ao início de uma guerra. As guerras, leia-se os confrontos militares generalizados, são sempre precedidos por uma escalada que passa pela subida de tom na retórica, a demonização do oponente, o reforço dos dispositivos militares e a conquista da opinião pública para apoiar ações mais assertivas contra o oponente. Depois é necessário criar um acontecimento, um pretexto que não tem necessariamente de ser causado pelo oponente e que é normalmente provocado por quem pensa que vai beneficiar com o resultado da guerra. Sabe-se hoje quem montou a armadilha que levou à guerra do Vietnam, à guerra espanhola-americana e muitas outras mais recentemente. Por isso, convinha que prevalecesse o bom senso."

Fica no ar a pergunta: porquê um instrumento midiático como o Expresso, cauteloso mas de direita, desvenda a intenção fascista que está por trás das primárias provocações do Império Britânico que foi o autor do Brexit revelador da fragilidade bagunçada da União Europeia? A ridícula constatação, do Governo da Inglaterra, de que o espião russo (que estava a serviço dos Estados Unidos e vivia em Londres), fora envenenado pela Rússia com um gás utilizado em uma fábrica do Uzbequistão desmontada em 1993 sob supervisão norte-americana, mereceu do articulista a comparação jocosa com "alguém atropelado por um Mercêdes, que atribui a responsabilidade do acidente à Alemanha".

Mas, isto coincide com a sugestão (complementar no esquema preparatório da guerra), do "missionário da Opus Dei na alta política" - Antonio Guterres -, alçado a secretário geral da ONU, de que "urge recuperar os mecanismos criados anteriormente para enfrentar a Guerra Fria". Com palavras ambíguas e covardes, coloca como alvo de uma guerra justa contra o comunismo (a Guerra Fria) o confronto com a Russia de Putin que hoje alia-se à poderosa China socialista, à nação (rica em minérios) Síria, à petulante e socialista Coréia do Norte, e aos que no Oriente Médio não aceitam o controle do imperialismo.

"Donos" da palavra justiça, que está completamente destroçada nos chamados estados democráticos em todo o planeta, voltam a apelar para o conceito ainda santificado em fase medieval, de guerra justa em defesa dos direitos humanos, como se alguma vez estiveram preocupados com os humanos e seus direitos. E o articulista do Expresso acrescenta: "Começa a ser claro que o campeonato mundial de futebol será um palco desta luta. Mas enquanto for só isso… a histeria russofóbica faz parte da operação de moldagem das opiniões públicas, preparando-as para o confronto. Com o clima criado poderá nem ser necessário conceber um pretexto. Bastará um imprevisto, um erro de cálculo para nos levar para uma situação sem retorno, fazendo com que a crise político-militar se transforme numa confrontação militar direta. Essa possibilidade afigura-se-nos muito elevada. A nova postura nuclear dos Estados Unidos e a crença de que se consegue manter uma guerra ao nível nuclear tático, sem evoluir para o patamar estratégico e para a destruição total são mais alguns ingredientes que nos devem fazer refletir. A presente crise – real ou fictícia – enquadra-se perfeitamente no modelo. O que está mesmo a fazer falta é testar os efeitos das novas armas hipersónicas."

Os chefes de Estado que representam o modelo mais imbecilizado dos dirigentes (para poderem estar "de quatro" no alto cargo sob comando à distância, sem chamar à atenção geral para a submissão vergonhosa) participam como atores réles do teatro que antecedeu às duas Grandes Guerras. Divulgam mentiras ridículas nas suas mídias ou por própria voz, reacendem a moda do anticomunismo primário e atribuem à Rússia um eterno papel de revolucionária e de URSS. Só estão à espera de um atentado que mate uma personalidade incauta para soltarem a NATO à caça dos imaginários inimigos da justiça terrena.
Mas, em outros países, onde os trabalhadores estão capazmente organizados e a esquerda tem voz, esta triste figura imbecilizada não sobrevive no alto cargo e quem lá chega tem de ser bom equilibrista para aguentar a pressão contradictória dos impérios e a das suas populações. Nesta árdua tarefa estamos em Portugal, por exemplo, para que fique neutro na Europa agressora desde que o Império Britânico declarou o Brexit e se aliou ao outro império seu filho. Já vimos este filme, mas antes era o fascismo declarado sob a liderança de Hitler e Mussoline.

Porque não mudam o roteiro? Afinal o mundo evoluiu muito, a África tem nações independentes e já contrói um caminho de união não só africana mas com outros continentes que foram igualmente colonizados; na América Latina Fidel Castro, Hugo Chaves e Lula abriram o caminho para superar a dependência neo-colonial; os povos já descobriram que a democracia sempre precisa de um Estado Social sem discriminação e que a pobreza não é uma fatalidade; todos sabem que a mídia é um instrumento de poder do imperialismo;  a juventude começa a demonstrar que está farta de desordens e preconceitos divisionistas; a humanidade liberta-se do doutrinamento medieval e escolhe a sua filosofia humanista sem peias clericais; as crianças aprendem nas creches que têm idéias próprias e podem exigir atenção sem chorinhos ineficazes; os programas televisivos preparados para retardamento mental massivo já são rejeitados pelos adolescentes; a petulância dos prepotentes já só provoca risos; o hábito de corromper só tem exito quando as notas são de milhões e a máquina de fazer dinheiro pode ser montada em qualquer lugar; os espiões estão sendo assassinados pelos colegas ou chefes; os textos que ensinam o que é a dialéctica e como as revoluções levaram o sistema capitalista à crise de poder através da história estão na internet para quem quiser estudar, enfim, a humanidade está apta a sair do bolso da desmoralizada elite poderosa.

Inventem outros pretextos para a briga entre os que controlam a guerra atômica final. Reunam-se em Davos ou Bildberg e troquem figurinhas como quiserem, contanto que cheguem ao acordo elementar de destruirem as armas fatais que hostentam. Os povos batem palmas e promovem vocês a salvadores do planeta com direito a um museu especial na falecida ONU. Deixem a humanidade viver e criar soluções saudáveis no seu percurso com liberdade.

Zillah BrancoE