quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Virando a casaca?



O canal "Odisseia", dos Estados Unidos passou a divulgar no primeiro aniversário da morte de Fidel Castro - comemorado em todo o mundo pelos partidos e movimentos de esquerda - um filme de John Hedge, sobre o Comandante da Revolução Cubana . Ao contrário da sanha com que sempre procuraram demonstrar com injúrias o herói gigante que enfrentaram, sempre vencendo as perfídias do grande império ianque, o filme adoçou a linguagem com algum respeito pela figura histórica que "sempre  defendeu o povo cubano da fome e da miséria instaladas em Cuba por governantes corruptos e a máfia". Arranjaram uma maneira de deixar o imperialismo, que bloqueou o desenvolvimento de Cuba durante 60 anos, de fora.

Até Kissinger deu um depoimento tranquilo, sem salivar veneno como de hábito. E referem a boa opinião que alguns políticos norte-americanos tinham da capacidade de diálogo e de compreensão de Fidel, como foi o caso de Kennedy, (depois de colocar navios de guerra diante da Ilha para apoiar a invasão norte-americana à Baía dos Porcos e receber a visita do Presidente da URSS avisando que dotaria Cuba de mísseis para se defender),  em entrevista referiu Fidel como um homem que não temia a morte e lutava ao lado do povo com enorme coragem.

O filme nem mesmo deixou de mostrar o assassinato do presidente Kennedy, ocorrido em seguida à suspensão da invasão da Baía dos Porcos, dentro do território norte-americano. Ao ter que renunciar àquela invasão que destruiria a pequena ilha e sua grande revolução socialista, Kennedy pagou caro aos donos do império. O filme não entrou nas confusas  explicações, deixando para o bom entendedor tirar as suas ilações.

Enfim, depois de morto, Fidel foi reconhecido como tendo algumas boas qualidades pessoais e de bom governante pelos que o perseguiram tenazmente durante seis décadas (e tentaram centenas de vezes assassiná-lo) sem qualquer capacidade para impedir que, nas barbas dos Estados Unidos, sobrevivesse com êxito político imbatível uma sementeira revolucionária que sempre esteve presente junto aos movimentos de libertação da América Latina e África.

A habilidade dos defensores do sistema capitalista de adotarem uma posição contrária a que sempre tiveram de antagonismo com as características do socialismo na promoção do desenvolvimento social com condições igualitárias de vida - saúde, educação, habitação, transporte e emprego remunerado - para toda a população trabalhadora. Começam a chamar a divulgar agora algumas mudanças ocorridas no comportamento das suas elites imperiais. Estudam a maneira de aumentar as esmolas para que as populações possam sobreviver e consumir o seu mercado tóxico, dos alimentos às quinquilharias e aos grandes eventos anti-culturais, como se fosse um arremedo de socialismo sem revolução.

Em Portugal, referem o apoio da esquerda ao PS no Governo como uma "geringonça" inexplicável e, certamente, de pouca duração. Mas, passados dois anos em que foi atenuado o sacrifício da população miserabilizada pela austeridade imposta pela política da União Europeia e FMI para concentrar o capital nos Bancos privados, defendida a Caixa Geral de Depósitos sob a responsabilidade estatal, desenvolvidos processos que desvendaram desvios bilionários (que enriqueceram alguns banqueiros e políticos corruptos) resultante de depósitos pessoais que "desapareceram" devido ás convenientes falências bancárias, cresceu o prestígio do PS na Europa e tem atraído políticos dos grandes países para analisarem os bons efeitos da sua aliança com a esquerda que não exige cargos no Governo mas, sim, o respeito pela legislação trabalhista conquistada ao longo do século XX, e pelos protocolos de apoio democrático e social a todo o povo assinados com os organismos específicos da ONU para a Previdência Social.

Será que, diante da crise irreversível dos bancos, os defensores do capital resolveram abrir um pouquinho a mão para reduzir a distância quilométrica entre pobres e ricos? Surgem até discussões abertas para combater o consumismo que impede as classes médias de gerir com equilíbrio os seus parcos recursos.

Dá para acreditar que as elites criam vergonha, - apesar das longas listas de depositantes em paraísos fiscais para lesar o fisco - ou começam a se preocupar com o Juízo Final que ameaça o sistema capitalista e sua elite? Ou é apenas uma manobra para reduzir o excesso de "carrapatos" que aderiram como "especialistas tecnocratas" à elite e, com a recuperação dos "desvios" e outras falcatruas, a elite poderosa pode aumentar as esmolas sociais e reduzir o peso da austeridade?

Interessante a distância que a mídia internacional vai criando entre os impérios - liderado por Trump ou pela União Europeia - na defesa do sistema capitalista. Na Europa, que ainda recorda o horror da Segunda Guerra, preocupam-se em falar na humanidade sem descartar o capitalismo com o poder da elite, enquanto Trump recusa qualquer "desvio humanitarista". E foi o ministro das finanças de Portugal, pela capacidade de um governo PS apoiado pela esquerda, que foi eleito para liderar o Eurogrupo onde aplicará a sua tese de que "há uma disfunção na moeda única que prejudica os países do sul da Europa". Habilidade para manobrar com palavras caras não lhes falta.

De qualquer modo os combatentes revolucionários não acreditam que os direitos democráticos caem do céu e que os lobos de antes tornaram-se cordeirinhos. Este processo de "virar a casaca" não convence, pois permanecem os mesmos grandes senhores, mesmo sem gravata, agarrados ao poder globalizado.

Igualdade com os pobres nunca a elite poderá aceitar, pois são totalmente incompetentes para enfrentar a vida e a realidade dos comuns mortais sem os seus privilégios de classe e escravos domésticos.

Zillah Branco

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Respeitar o povo, para a direita, é uma questão "comezinha"



O Partido Socialista em Portugal, ao formar governo apoiado pela esquerda com a qual alcançou a maioria eleitoral em 2015, abriu um novo percurso ao país europeu tratado como um dos mais pobres do continente europeu. A elite de direita que comandava o governo desde a eleição de Mario Soares em 1976 quando aceitou as orientações de Kissinger, pelos Estados Unidos,  e da Democracia Social europeia, procurou apagar as conquistas da Revolução do 25 de Abril que permitira ao povo organizado na reforma agrária e nos sindicatos construir um caminho verdadeiramente democrático para toda a nação.

Em alternados governos do antigo PS e do PSD, Portugal foi diluindo o respeito pelas questões sociais que atendiam ao desenvolvimento humano e social da sua gente, e prestando vénias à elite europeia filiada ao imperialismo estadunidense com a criação da União Europeia. Tais vénias tornaram-se visíveis pelos gestos de política subserviente nas acções invasoras da NATO no Oriente Médio e Norte da Africa, além da participação na destruição da Jugoslávia, e no recurso a créditos vorazes do Banco Europeu para obras megalómanas que serviram interesses estrangeiros no "pobre" país enfeitado com recursos de luxo para receber turistas e favorecer mercados externos. Enfim, a conhecida fórmula da colonização que destrói as forças produtivas nacionais e importa os maus hábitos do consumismo das sociedades ricas vestidos de "modernidade desenvolvimentista".

Mas a história caminha com a dialética como parceira. As crueldades contra os dominados despertam as consciências éticas e valorizam as associações para a luta do povo unido. O pensamento progressista disseminou-se tanto pela via política de esquerda como pela noção de dignidade e solidariedade dos que não se satisfazem com riquezas supérfluas e costumam olhar com interesse a realidade social que os cerca. E o grande partido de direita em Portugal, os aliados PSD e CDS-PP ficou menor que a soma dos progressistas e perdeu a condição de governar. Dois anos são passados e o PSD não perde a "dor de cotovelo" nem adquire lucidez política. Empacou.

Segundo o porta-voz do PSD no Parlamento, deputado Hugo Soares, o Governo PS está refém da esquerda - PCP e BE - "para resolver apenas questões menores, comezinhas, de reformas conjunturais" e precisa do apoio do PSD para realizar "o mais importante para o país, que são as reformas estruturais". Traduzindo em "bom português", as questões "menores e comezinhas" dizem respeito à legislação trabalhista para repor salários e condições de carreira para a maioria dos trabalhadores a todos os níveis, ao apoio ao sistema de saúde nacional e ao do ensino público ameaçados pelos privilégios da privatização, ao desenvolvimento de condições de sobrevivência com dignidade aos pensionistas, ao fortalecimento da capacidade de sobrevivência da Caixa Geral de Depósitos sob gestão do Estado, ao reordenamento das florestas de modo a reduzir a destruição causada pelos incêndios, a redefinir as formas de segurança social para defender com competência as populações surpreendidas por acidentes climáticos e de origem criminosa, enfim a organizar o país para que a população seja respeitada e tenha garantia de proteção social.

O que o partido de direita, PSD, supõe ser "o mais importante, por referirem as reformas estruturais", tem a ver com o favorecimento aos lucros dos empresários nacionais e seus parceiros estrangeiros, ao reforço pelo Estado, dos capitais em bancos privados, à submissão incontestável aos (des)mandos da Troika que minou a soberania de Portugal e proporcionou o endividamento responsável pela austeridade que foi suportada pela população mais pobre com o desemprego, a emigração, a fome e a miséria em índices gravíssimos registados pelas organizações internacionais.

Até quando irá a capacidade do PS, no Governo de Portugal, de suportar a pressão dos políticos  de direita que estão na União Europeia e dentro de cada país membro, a favor da acumulação do capital e contra os interesses dos povos pelo desenvolvimento humano e nacional? A dúvida paira em relação à sobrevivência da humanidade e da natureza em todo o planeta.

Os processos de colonização hoje repetem-se, executados por elites nacionais de cada país onde a democracia tornou-se uma ficção. Não só ocorre no Brasil, que vai sendo oferecido em feira de saldos pelos traidores enquistados no Governo, mas em outros paises onde as conquistas populares foram esmagadas a mais tempo ou não chegaram a se instalarem como vitórias. É a moda da direita ocidental que usa um discurso democrático e movimenta as armas através de mercenários ou da NATO antecedida por uma falsa campanha em "defesa" do povo a ser vitimado. Puras falsidades a encobertarem perfídia, como Gandhi responsabilizava o Império Britânico, na luta pela independência da Índia ha quase 70 anos.

Foram aperfeiçoadas as formas de exploração e de escravidão, mas a perversidade das elites atingiu níveis que ultrapassam a normalidade do ser humano. Passou a ser mais que um mero egoísmo, ou uma simples alienação dos que vivem acima das dificuldades da vida, é um fenómeno patológico que requer atenção, médica como o gosto pela violência, pela visão do sofrimento alheio, pela extinção dos que os contrariam simplesmente por existirem. O ódio aos pobres e às minorias étnicas, o desprezo pelas questões sociais, revela-se na incapacidade da elite de distinguir povo de clientela, de confundir desenvolvimento nacional com aumento de capital.

Povos em luta, uni-vos!

Que a solidariedade internacionalista desvende as diferentes formas de ameaças que mascaram o novo colonialismo!

Zillah Branco

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Heróis/Bandidos




A história da humanidade passa por fases que acrescentam, vagarosamente expandidas, conquistas pessoais dos indivíduos que fortuitamente puderam conjugar a percepção sentimental e racional às condições de realização de actos de efeito social. Assim, foi fruto de uma época denominada do "romantismo", a figura de Robin Hood (que teria vivido no século XII e descrito como herói mítico na Inglaterra em meados do século XIX) como o esperto rebelde de uma classe poderosa que "roubava para dar aos pobres".

A comunicação social, ha quase dois séculos, divulga e promove este modelo, adaptando a sua imagem às modas mais prestigiadas nas sociedades modernas. Dessa maneira a cultura social do sistema capitalista mundial elogia a "coragem individual de quem contraria os princípios que fundamentam a estrutura jurídica institucional, para proteger os cidadãos marginalizados na sociedade".

É de notar o fomento do "individualismo" e da "protecção caridosa" dos "heróis defensores" dos que constituem os "marginais" da sociedade, ao contrário dos conceitos de "solidariedade humana e social" que justificam o "valor ético da luta colectiva em defesa dos direitos democráticos de uma classe social explorada por uma elite financeira politicamente poderosa".

Com as várias crises, próprias ao desenvolvimento do sistema capitalista como previsto por Marx e economistas de diversas tendências teóricas, e com as crescentes conquistas no âmbito da democracia e da justiça social alcançadas pelos trabalhadores unidos em sindicatos, no segundo milénio surgem alterações na forma de imposição do domínio imperialista no moderno processo de "colonização" de nações menos desenvolvidas por aquelas que participam da elite do poder financeiro e militar. Aos poucos desvenda-se a "utilidade do individualismo" para uma afirmação do poder elitista contra a realidade em que sobrevivem os povos.

Os habituais "golpes" para derrubar governos que, de alguma maneira defendem a soberania das suas nações frente às exigências dos "donos do mundo", dão-se através da corrupção de agentes destacados dentro da estrutura dos Estados e da formação mental de membros do sistema judicial, militar, policial. São os agentes golpistas que se sobrepõem aos seus colegas profissionais, com capacidade financeira e política vindas do exterior para anular critérios democráticos instituídos e adotarem medidas de exceção. Dessa forma, aparentemente legal, validam um efectivo golpe sobre os governantes que recusam as formas de corrupção oferecidas para atraiçoar a pátria. Evitam a violência das  anteriores acções armadas dirigidas pelas forças armadas do país visado.

Na América Latina, onde depois da chamada "década perdida" em que as economias nacionais foram destruídas pelo neo-liberalismo introduzido por Pinochet no Chile e pela acção do FMI nos demais países "em desenvolvimento", desencadeou-se um movimento de classe média com objectivo nacionalista mas também de unidade continental. Sob a liderança da Venezuela com Chaves e o exemplo de Cuba socialista, vários governos progressistas enfrentaram a oposição de direita para afirmar a soberania das suas nações perante o mercado e as pressões políticas e midiáticas imperiais, desenvolvendo um Estado Social para melhor distribuir a riqueza e combatendo as discriminações derivadas de um poder oligárquico escravista herdeiro do período colonialista no século XVI.

A fase das ditaduras militares que culminaram com o assassinato de Allende no Chile,  deixando um saldo de chacinas e prisões políticas em todos os países latino-americanos, transitou para o Oriente Médio e Africa em busca de petróleo e minérios de alto valor, na promoção das chamadas "Primaveras" resultante das invasões pela OTAN e consequentes assassínios de governantes que resistiram à corrupção. A tarefa destruidora ficou a cargo do "terrorismo" abastecido em armas por Israel e Estados Unidos, evitando comprometer directamente as Forças Armadas nacionais.

Combatido internacionalmente, o "terrorismo" (atribuído aos grupos com denominações árabes, treinamento e armas imperialistas) e fortalecida a participação social na América Latina, a pretexto de salvar o sistema capitalista das crises que minaram os governos ricos, voltaram-se contra os frágeis governos democráticos e progressistas com um novo modelo de golpe "legalizado" mediante farta corrupção. No Brasil Michel Temer e seus seguidores baixaram a cabeça a preços variáveis e minaram o sistema judicial e policial para destroçarem as instituições sociais e, por seu lado, agradarem aos poderes internacionais que os apoia, vendendo ao desbarato as riquezas nacionais.

Em outros países foram colocados, com apoio midiático (na função de ponta-de-lança dos invasores) expoentes milionários, tal como Trump nos Estados Unidos, cumpridores de ordens do poder financeiro mundial. Estes figurantes, se o movimento de massas manifesta a sua força reivindicativa, vestem a fantasia de Robin Hood e passam a distribuir esmolas aos pobres, carinhos às crianças, beijocas às velhinhas, caçarolas às "madames". E vendem a pátria às fatias na feira internacional. Circulam pelo mundo como caixeiros viajantes das industrias de armas, químicos e farmacêuticas, repetindo ameaças de um poder militar mítico com frases desconexas de baixo QI que desperta sorrisos dúbios nos interlocutores.

Na Europa, onde o Estado tem tradição milenar com feição social, a dança é outra. Levam à cadeia ex-governantes (como o ex-primeiro ministro Sócrates, em Portugal, e alguns outros destacados políticos acusados como corruptos com abuso de poder) e aplicam multas bilionárias ao banqueiro Salgado (do centenário Banco Espirito Santo) pelas fraudes fiscais e outras, em processos que não terminam nunca e dão matérias para manter a mídia ocupada em confundir os espectadores e leitores dos jornais e livros, enquanto desmoralizam, aos olhos do povo que exige justiça, as instituições judiciais, militares e policiais que resistem à dissolução moral que, entretanto, vai "comendo pela borda" políticos e agentes administrativos incautos.

De modo geral esta "virose corruptora" não respeita fronteiras. Basta ver a lista de ilustres personalidades que, para fugir ao fisco, colocam as suas reservas financeiras nos "paraísos fiscais", como reis e rainhas (do Império Britânico, por exemplo) que passam por respeitáveis e são sustentados pelos contribuintes que mal têm o salário mínimo para escapar à marginalidade social.

Os noticiários sobre crimes (que alternam as notícias dominantes dos grandes clubes de futebol e grandes "shows" de altos sons, cores e roupas caras, como se a realidade do dia a dia fosse assunto só para os pobres) revelam que os mais pobres vão para a cadeia e os ricos para as suas mansões com direito a múltiplas entrevistas (sempre em feição de Robin Hood) e promoção das suas pretensas qualidades, como vítimas do Estado que ameaça todo e qualquer bandido, como se um milionário pudesse ser um "qualquer". Herói-bandido vá lá.

Zillah Branco

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Qual é a lógica do capitalismo?

Zillah Branco *

Esta pergunta está na mente da humanidade, da maioria dos seres humanos que não se beneficiam da acumulação do capital nem dos privilégios do acesso à riqueza, nem mesmo da proteção do sistema judiciário institucionalizado. A maioria dos seres humanos hoje está na periferia do sistema.


Se a democracia realmente fosse aplicada no mundo, não seria possível assistirmos os despropósitos declamados pelo Presidente dos Estados Unidos no Japão sugerindo que aquele povo fosse amistoso com ele porque no passado a inimizade não deu bom resultado. Referia-se monstruosamente às duas bombas atômicas que mataram centenas de milhares de civis em Hiroshima e Nagasaki? E ninguém o levou para um manicômio? Nem protestou? O consolo que o mundo tem é ouvir programas divertidos criticando com ironia o Presidente, os políticos norte-americanos a discordarem das grosserias do Presidente, mas que continua a ser "O Presidente" de uma nação que se diz democrática. E que ameaça o mundo com a sua violência e prepotência.

Se a justiça social fosse aplicada de acordo com os princípios democráticos, o golpista Temer, e toda a corja que o apoia, não teria conseguido empobrecer o Brasil vendendo as riquezas patrimoniais como saldo aos amigos oportunistas, e cortado a bolsa família e as leis trabalhistas, além de congelar os orçamentos da saúde, da educação, da segurança social, destruindo a vida e as esperanças dos brasileiros que povoam esta nação!

Se a ética fosse respeitada dignificando os governantes poderosos do mundo desenvolvido, não continuavam a morrer afogados no Mediterrâneo ou no mar Egeu os milhares ou milhões de foragidos dos seus países invadidos pelos terroristas armados pelos imperialistas norte-americanos e europeus que abriram caminho com a OTAN em busca das jazidas de petróleo.

Se a solidariedade não fosse rejeitada como um princípio fora de moda, os milhões de africanos perseguidos por terroristas insuflados pela política capitalista não continuavam a morrer de fome arrastando a sua miséria pelos campos improvizados pela ONU.

Se houvesse no mínimo pudor, vergonha na cara, os monarcas britânicos não aplicavam milhões de euros nos bancos do Panamá e outros paraisos fiscais para fugir ao fisco no país que os sustenta. Nem o rei da república (?) espanhola colaborava com o sucessor de Franco na prisão de quem luta pelo respeito à autonomia da Catalunia! Afinal, reis e rainhas só deviam existir no baralho, pois saem mais caro que um orçamento de serviços sociais para atender as familias dos que trabalham.

Se a força e o poder do sistema capitalista só persiste matando e escravizando a maior parte da humanidade, roubando os Estados para lavar o dinheiro de drogas e corruptos, depravando a cultura tradicional para transformar em robôs as novas gerações, porque assistimos calados e coniventes sem capacidade de unir os povos para abrir o caminho para o socialismo?

Há um século os soviéticos provaram que existe uma alternativa real ao sistema capitalista que só busca a ganância e o poder explorador. É possivel, como provou Cuba, desenvolver com pobreza um povo culto, trabalhador e solidário, exemplo na formação de médicos que ajudam todos os países que necessitam apoio. É possivel, como provou o Vietnam ao vencer na guerra de extermínio a potência norte-americana super armada e com agentes químicos. É possivel, como prova a populosa China que tirou da miséria 400 milhões de camponeses e desenvolve o país que supera os limites da produção capitalista.

A Revolução Soviética, que criou escolas para formar militantes dos movimentos de libertação de todos os continentes e desenvolveu a ciência para chegar à Lua antes dos países ricos, aguentou quase 80 anos sob a pressão constante da Guerra Fria mantida pelos inimigos, ditos democráticos, que hoje exibem a sua crueldade, para quem quiser ver, na destruição dos seres humanos, da natureza, das noções de dignidade e de respeito humano, para quê? Para juntar dinheiro sujo e impor o seu poder nefasto.

Deixemos as diferenças e as vaidadezinhas que hoje são mesquinhas face à luta principal. A nossa união com os povos sacrificados é a única alternativa contra a barbárie que assola a humanidade, o único caminho da esperança de reconquistar as qualidades civilizatórias, criando as bases de um Estado social que garanta a vida de todos.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A manipulação jurídica substitui as armas

Zillah Branco *

O sistema capitalista tenta superar a sua crise final mascarando a realidade com a ficção da democracia e do respeito pelo Estado de Direito.


Ao contrário dos inúmeros golpes militares que chacinaram sanguinariamente populações em todo o mundo, hoje fazem uso das leis para matarem as populações mais pobres pela fome e a miséria social, destruirem as riquezas que garantem soberania nacional, adoecerem as novas gerações pela promoção das drogas e de uma cultura anti-ética que as torna alienadas, e pela corrupção financeira que elimina figuras públicas que poderiam atuar construtivamente na transição da sociedade para uma melhor distribuição dos rendimentos a caminho do socialismo. Assim, os golpistas aparentemente não mancham as mãos com o sangue, e a consciência com o peso da traição à pátria e à humanidade. Pensam poder passar por "pessoas respeitáveis", eternizando a sua posição na elite dominante.

Para que isto seja possível, tentam idiotizar as populações com mega-shows que esbanjam a riqueza roubada aos sistemas públicos de saúde, de educação e segurança social, dando a impressão de que a população tem acesso a espetáculos de gente rica e é feliz; promovem campanhas de apoio alimentar e de roupas para os que perderam a sua casa e trabalho, da qual desviam grandes negócios paralelos de venda de produtos usados ou fora de validade e aplicam impostos sobre as esmolas entregues às vitimas; vendem produtos inùteis com imagens de "alta moda" e material de baixa qualidade para que os que têm algum salário o gaste em quinquilharias perecíveis e não no próprio desenvolvimento cultural; divulgam processos judiciais contra algumas figuras dispensáveis depois dos crimes e fraudes com o capital, para convenceremm a opinião pública de que a justiça atinge a todos da mesma maneira; enfim, de mil maneiras tentam transformar os trabalhadores em burros de carga e a população miserabilizada em paisagem exótica, para além de uma classe média manipulável para manter o mercado interno e a política de submissão aos interesses financeiros.

No entanto o povo é inteligente e desenvolve a sua consciência de classe explorada. Conta com pessoas que têm o privilégio da formação escolar e de uma saudável base cultural e ética que os apoia formando escolas, divulgando em música, filmes e depoimentos escritos as informações sobre a necessidade de organizar os trabalhadores e toda a sociedade para transformá-la em benefício da maioria e do desenvolvimento da produção.

As formas de associação popular têm sido alteradas pela conquista de novos conhecimentos que eliminam velhos preconceitos e ignorâncias convenientes à elite dominante. A linguagem compreensível para a maioria vence o formalismo acadêmico redutor e os preconceitos culturais. A compreensão da análise dialética permite distinguir na ação política a identidade de propósitos de tradições aparentemente opostas. Novas alianças serão feitas para abranger diferentes grupos que necessariamente compartem com honestidade os objetivos éticos e revolucionários. Não ha contratos com promessas improvizadas. Os princípios que deram origem a leis não se confundem com as rebuscadas interpretações de um pretenso "dono do saber jurídico". A realidade da vida popular condiciona os principais interesses de luta social, adequada ao caminho histórico da sua formação cultural.

A primeira condição é a coragem de pensar e agir com liberdade. A segunda é a formação de um coletivo atento aos possíveis enganos e capaz de, no debate, defender as melhores condições de luta. Não ha submissão oportunista ao comando elitista, mas sim debate exaustivo para escolher o passo revolucionário que todo povo pode dar desde que unido.

Recusa terminante à corrupção; às prisões arbitrárias; às multas milionàrias para manter a liberdade condicional; à chacina dos líderes populares; às torturas psicológicas impostas aos defensores do povo marginalizado; às perseguições aos que defendem o ensino de qualidade e os direitos dos trabalhadores; aos abusos de poder praticados por funcionários e agentes do Estado; à pratica de salários dezenas ou centenas de vezes maiores que o salário mínimo.

Unidos, venceremos!

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Individualismo, egoismo, alienação




O sistema capitalista vem trabalhando ha mais de um século para destruir a cordialidade entre as pessoas, a solidariedade natural que fortalece o convívio, para despertar o individualismo que se sobrepõe à qualquer partilha comum aos afetos. O objetivo é vencer e ultrapassar todos, ser admirado e até invejado pelas suas conquistas, pela segurança com que fala de cima para baixo, pela capacidade de usar o seu poder em qualquer lugar e ver o medo em quem o serve. O mundo está aos seus pés, a humanidade vive para serví-lo e para isto deve ser útil e prestável.

A quem serve esta postura autoritária e de superioridade em relação aos que se subordinam? Certamente a quem já detém um poder: económico, político, social ou militar. Ou seja, a quem tem o privilégio de mandar nos cidadãos que dele dependem. A dependência de uns (a maioria dos cidadãos) por outros (uma elite que concentra o poder), devido à desigual distribuição das riquezas, da formação, da saúde, das condições de vida e trabalho. Portanto, a inexistência de um regime democrático.

Os psicologos e psiquiatras deviam divulgar os males causados pela formação  individualista, que tem sido globalmente manipulada pelos "donos do poder" através dos meios de comunicação social e variadas formas de publicidade enganosa. As maiores vítimas de tal pressão social são as crianças e adolescentes, mas também adultos que cresceram com medo dos seus "superiores" e ainda os idosos e pessoas com carências orgânicas que reduzem a capacidade de se defenderem dos abusos dos prepotentes.

Por um lado, esta idéia de "superioridade" deforma o caracter da pessoa afastando-a do relacionamento normal com o outro que é considerado "inferior" por não ter tido os mesmos privilégios na sua formação; por outro lado, o conceito de superioridade deriva da sobrevalorização da riqueza ou da força, desconhecendo os valores éticos e filosóficos do outro. Quem se considera "superior" torna-se egoista, para não ajudar os demais que pretende dominar ou simplesmente despreza.

Em torno do egoista surgirão os mais débeis (que aceitam a proteção de um "superior", e os falsos amigos que o vão bajular para receber esmolas), mas dele se afastarão os que defendendem os seus direitos e a sua dignidade humana. É o quadro que as sociedades modernas hoje apresentam com maior visibilidade.

Esta é a imagem do próprio sistema capitalista que pretendeu abrandar a violência do comando anterior, medieval, de reis e chefes de Estado que condenavam à morte quem ousasse contrariar o seu poder ou à miséria os que não eram úteis às suas pretensões. Foi desenhada uma imagem com traços de democracia e de humanismo para permitir que os "inferiores" sobrevivessem com algum recurso financeiro para movimentar o mercado que alimenta o poder instituido. Em lugar da solidariedade que une os humanos por afeto, foi generalizada a "caridade" que distribui esmolas e promove o doador, mais uma vez definindo o "superior" que doa e o "inferior" que recebe. A violência física anterior foi substituida pela aparente benevolência dos poderosos, com a força da ilusão do respeito humano.

À medida em que o sistema capitalista aperfeiçoa a sua falsa imagem democrática, os individualistas fechados no seu egoismo alienam-se da capacidade de relacionamento afetivo. Muitos passam a sofrer do medo de se humanizarem, reconhecendo aí o seu ponto frágil para desmoronar aquela fortaleza aparente criada pelo seu ego e pelo poder que sabe exercer. Na verdade sabem que não construiram a auto-estima que só é sólida quando fazem parte de um coletivo que mantém laços de afeto e respeito mútuo - a família ou o grupo com que convive em igualdade de condições.

Se analisarmos os líderes populares que despontaram no mundo no último século e os Chefes de Governos que têm sido eleitos nas repúblicas de todos os continentes, vemos que o sistema capitalista sempre perseguiu e sacrificou os que assumiram valores humanistas e defenderam o caminho democrático e, ao contrário, tem apoiado um modelo perverso de Chefe de Estado, capaz de renunciar aos seus valores éticos e representar o papel de fantoche manipulado por um poder oculto, para esmagar o humano e promover o capital. O resultado tem sido traduzido na "austeridade" do povo trabalhador e no enriquecimento de alguns bilionários, com ar de mecenas para salvar náufragos, e de uma elite que domina as finanças controladoras da produção e da vida nacional.

É natural que os Presidentes ou Chefes de Governo eleitos ou golpistas sejam, cada vez mais, carentes de valores humanos essenciais (Bush, Temer, Trump, Rajoy, Theresa May, e tantos outros) para cumprirem o que o super-poder imperialista determine sem qualquer interferência de inteligência natural ou emoção humana. São "papagaios" que repetem o que lhes mandam dizer e evitam pensar para não sairem da linha. Burrificam-se e pensam que o povo é como eles, estupido também. O problema é que impõem decisões estúpidas que destroem as sociedades, provocam guerras, matam os mais pobres de fome, doenças e os crimes que divulgam como tema principal dos meios de comunicação.

Zillah Branco


sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Independência, condição de soberania



A história da humanidade apresenta, ao longo dos milênios, várias formas de luta pela liberdade dos indivíduos quando estão ameaçados por um domínio explorador que não respeita a integridade e os direitos naturais dos seres humanos. Para o seu fortalecimento  agrupam-se a partir da família a outros com que tenham afinidades. O idioma é um forte laço que permite o entendimento e a troca de informações, que vão levar a reflexões sobre questões práticas ou abstratas e ao estabelecimento de princípios éticos e planos de defesa da comunidade.

No confronto com inimigos lutam e defendem os "seus". Vencidos e escravizados, a sua coesão sofre fraturas.  Ao surgirem momentos de libertação, voltam a unir-se aos que são capazes de restaurar a antiga comunidade. Procuram outras comunidades em condições de vida semelhantes às quais se associam dando origem a povos que aceitam normas de convívio e de organização social comuns.

Ao surgir um povo agressor, dotado de recursos e conhecimentos superiores à capacidade de defesa existente naquelas comunidades, lutam e sucumbem frequentemente. São escravizados para prestarem os serviços que interessarem aos dominadores. As formas de uso do poder corresponde ao estágio de desenvolvimento alcançado pela sociedade que se estabelece como "dominante", desde a definição do escravo como "animal" para suprir todas as necessidades do seu "dono", até o convívio social em que os vencidos vão constituir classes inferiores diferentes.

Toda a história do colonialismo explica a formação de Estados dominados pelas nações dominantes. Surpreende-nos que a literatura do início do século XX revele a "descoberta tardia" de que os seres humanos dominados quando ainda viviam em comunidades dispersas não eram "animais". Tal "crença" foi alimentada por correntes religiosas que defendiam o sistema da colonização, apesar de existir uma discussão intelectual, fechada entre os eruditos, que a contestasse há, aproximadamente, quatro séculos. Assim foi estruturado o preconceito racial, vigente nos dias de hoje, que sempre favorece o sistema de exploração social e econômico.

Com o evoluir do conhecimento científico e as conquistas dos trabalhadores de seus direitos humanos e sociais, o domínio sobre povos considerados "subdesenvolvidos" ou do "Terceiro Mundo" passou a ser contestado por correntes filosóficas, religiosas e políticas que se expandiram pelas sociedades através do sistema de ensino universitário, da comunicação social e da formação de partidos e movimentos sociais. Durante o século XIX proliferaram as ações revolucionárias tanto na Europa como em Estados colonizados que introduziram o conceito institucional de soberania ligado à condição de independência a ser desenvolvida como um processo gradual de criação de estruturas jurídicas, econômicas e políticas.

Na sequência da revolução industrial e da disseminação do movimento republicano e da libertação dos escravos nas nações europeias e suas colônias, ocorrem as duas grandes guerras que definem um novo desenho das nações soberanas e da correlação de forças entre elas. Como instrumento de equilíbrio e diálogo é definida em 1945 uma Carta das Nações e a Organização das Nações Unidas, com os vários serviços específicos para atender e promover as conquistas da humanidade. Idealmente estabelecia-se a igualdade de direitos nacionais e individuais para todos os povos.

Somos já três gerações adultas a acompanhar o exercício desta instituição internacional que afirma o direito dos povos de viverem em harmonia graças ao respeito pelos direitos democráticos dos Estados existentes e de igualdade das suas populações. O conhecimento da vigência da ONU em mais de sete décadas, mostra-nos a necessidade  dos povos - em especial as classes trabalhadoras, mas também de estudiosos vários que defendem os princípios de igualdade dos cidadãos e de democracia do sistema social, econômico e político nos países, - manterem uma luta permanente para contrariar a tendência das elites poderosas de explorarem de todas as formas os trabalhadores e privarem as suas famílias das condições necessárias de sobrevivência com acesso à defesa da saúde, à formação escolar, à habitação condigna, à segurança social, que existe para os estratos sociais mais abastados na sua sociedade. A igualdade de direitos é prometida a nível judiciário mas, comprovadamente, não existe na vida real. Ou seja as leis existem, mas não são aplicadas a favor de qualquer cidadão. O mesmo ocorre com a democracia - depende da vontade da elite poder. É uma característica do sistema onde domina o capital.

Os direitos de cada cidadão são avaliados à luz dos preconceitos com que a elite poderosa que comanda o sistema defende o seu poder: de classe, de raça, de idade (as crianças e os idosos são desprezados), de gênero, de opção ideológica e religiosa. no entanto existem leis sobre a igualdade entre todos.

Também existem desigualdades "justificadas pelo sistema" decorrentes da condição do Estado em relação à metrópole que o coloniza ou do acordo firmado com uma Federação ou União. De modo geral a Nação gere as relações dos seus Estados, autônomos ou não, com as demais nações, e recolhe uma percentagem da economia para manter um equilíbrio entre todos e garantir a defesa geral.

Na América Latina temos assistido os efeitos catastróficos dos tufões e outros acidentes climáticos que destroem as habitações, as infra-estruturas sociais e dizimam as populações (colonizadas por ricas nações europeias ou pelos Estados Unidos), e depois recebem das metrópoles uma ajuda como outros paises oferecem a título de solidariedade. Se alargarmos a vista, veremos que o mesmo ocorre em outros continentes (ainda "subdesenvolvidos") da mesma maneira senão pior. Na rica nação dos Estados Unidos os fenômenos climáticos devastam sempre os Estados onde vivem os imigrantes africanos e latino-americanos, sendo um território retirado ao México em tempos passados.

As lutas pela independência são cada dia mais difíceis diante da concentração dos poderes internacionais nas mãos de uma elite internacional que resultou da formação da ONU sob a liderança dos Estados Unidos. Mas existem vários Estados europeus que conseguiram um estatuto de autonomia que lhes permite manter algumas características próprias relacionadas com o idioma e alguns aspectos da cultura originária. Neles o povo passa a vida vigiando para não ser prejudicado pelo governo central federal que, de modo geral, mantém o preconceito contra o "irmão" que afirma com orgulho as suas diferenças.

Este foi o caso da Catalunha, Estado autonomo e fonte de riqueza da Espanha. Com história passada de lutas e vitórias, fortaleceu-se durante o período em que a Espanha adotou o regime republicano, promovendo a industrialização. A ditadura de Franco instituiu um regime parlamentar com o rei indicando o Presidente e aboliu as instituições criadas pela Catalunha - segurança, saúde, ensino, cultura - e proibiu o uso do idioma catalão. Com o fim da ditadura,1975/89, todas estas instituições foram recuperadas criando-se um novo estatuto de autonomia.

Em 2006 o governo de direita de Mariano Rajóy declarou não válidos alguns artigos, gerando uma relação considerada de discriminação contra os catalães que defendiam o seu idioma e cultura como "nacionais" e a organização política republicana e autônoma.

Para solucionar o problema tratado pelas instância jurídicas do governo espanhol, o Presidente do governo catalão convocou em 2017 um referendo popular com mais de 2 milhões de eleitores obtendo 90% a favor da constituição de um Estado independente. O governo central enviou forças policiais que invadiram os locais, levaram urnas e feriram centenas de eleitores. Para conduzir um diálogo com o governo da Espanha, o governador da Catalunha apelou para que a população respeite a paz social e colabore com as suas opiniões sobre os passos de um processo para serem criadas as condições para a independência.

Não é fácil introduzir nos debates políticos que ocorrem sob as regras autoritárias do sistema capitalista, a idéia de que as decisões de mudanças de relação entre Estados evoluem como um processo que recebe a participação popular. A república de Cuba, revolucionária e independente, reconhece a importância de atos como o da libertação dos escravos pelo proprietário rural Céspedes no século XIX desencadeando um movimento histórico que deu início ao processo revolucionário que levou à conquista do socialismo.

Também não é fácil o diálogo entre os que consideram a independência uma necessidade para impedir a imposição autoritária de medidas que eliminam a liberdade de um povo e os que veem a independência de um Estado dominado como a perda econômica e política de parte do seu poder.

Zillah Branco

domingo, 10 de setembro de 2017

Furacões provocam o cáos nas sociedades colonizadas




A mídia internacional promove o medo junto às populações afetadas pelos furacões, reproduzem entrevistas com pessoas desesperadas, vão somando os mortos e exibindo imagens catastróficas. Os cálculos são dos mil milhões necessários para os novos investimentos. Quem morreu, morreu, coitados.

Para surpresa dos que vêm nos Estados Unidos uma nação mais rica que domina recursos e técnicas ainda inexistentes nos países sob a tutela colonialista - nas ilhas S.Martim e Barbuda, República Dominicana, Porto Rico e Haiti - assiste ao desespero das populações resolvendo por si os problemas de segurança e abastecimento enquanto as autoridades dão conselhos e tentam à última hora organizar centros de acolhimento. As imagens revelam a comercialização frenética de supermercados, as estradas repletas de foragidos, as cidades invadidas por águas e ventos destruidores que acumulam casas e carros destroçados, o preço das passagens de avião passam de centenas a milhares de dolares para escapar do Estado ameaçado. Realmente é um caos pavoroso!

O Presidente Trump repete com decisão uma dúzia de adjetivos (fantástico!!!) para elogiar os que lutam para sobreviver, como se o seu reconhecimento fosse uma espécie de proteção divina, e sua esposa, com as mangas arregaçadas e roupas desportivas, entrega pacotinhos de alimentos aos desabastecidos como prova da sua intenção democrática. O Presidente da França, Macron, com ar de urubú enxarcado, faz um discurso de luto ao descobrir que as remotas ilhas das Caraíbas pertencem à nação que governa, onde a população estava a lutar sozinha sem a suposta proteção colonialista. Trump manifesta os seus sentimentos a Macron e, juntos, comparam os milhões a serem investidos para a recuperação dos equipamentos destruidos nas respectivas nações. Lamentam as mortes.

Diferente é revelado pela TV de Cuba durante os mesmos dias em que o mundo acompanha a trajetória mortífera dos tufões. Ali as autoridades informam sobre as medidas que desde o anúncio dos fenomenos foram tomadas para proteger as populações e as estruturas de produção nacional. Ao lado das autoridades que distribuem meticulosas informações indicando como agirem para garantir a segurança de todos levados para lugares de acolhimento prèviamente preparados e abastecidos pelas comunidades organizadas. A unidade entre populações e autoridades no enfrentamento conjunto permite maior esperança de sobrevivência que os discursos adjetivados ou chorados de governos que controlam a vida financeira das nações. O tufão torna-se conhecido através das explicações científicas e é acompanhado com interesse para incomodar menos. Não há desespero nem medo quando a população integra um plano nacional de defesa. Assim age um governo revolucionário em regime socialista.

A televisão cubana consegue dar informações científicas e técnicas, a partir das fotos da NASA sobre os olhos dos furacões, mas também mostrar os pontos geográficos a serem protegidos, as produções de energia, água, recursos naturais para a indústria, agricultura e pescas, educação e saúde, transporte, locais de proteção, e percorre todos os serviços do Estado e das comunidades que informam sobre a situação real existente e os planos de ação que integra os populares. É uma defesa conjunta, do país e do povo, dispensa falsos elogios e lágrimas de crocodilo.

O saldo deixado na Ilha Comunista pela devastação dos furacões foi causado pelas altas ondas marítimas que invadiram estradas e atingiram casas, onde os seus moradores haviam prevenido a segurança dos seus bens e de suas vidas, árvores e postes de eletricidade foram partidos pelo vento, alguns prédios antigos cujas paredes não resistiram ao ímpeto dos elementos. Não há mortes a lastimar, apenas alguns acidentes que resultaram em traumatismos logo tratados nos postos de saúde organizados em locais seguros.

Enquanto que nos Estados Unidos e nos paises dependentes do sistema capitalista as pessoas correm atrás de produtos para sobreviverem enfrentando filas e preços elevados nos supermercados, cada um por si e contra o outro, em Cuba o Estado, ligado às autarquias locais e associações de moradores, preparou locais seguros, com equipes médicas e abastecimento para receber as populações das respectivas regiões. Todos se empenham na defesa nacional, ninguém pensa no lucro individual com a desgraça alheia. O cáos não se instala. A solidariedade impera. Foi feito um Plano de ação administrativa com base em um Prognóstico científico desde a formação dos furacões. A ONU saudou a capacidade impar de Cuba na defesa da sua gente e da economia nacional.

Aliás, todos sabem que o agravamento desses fenomenos climáticos se deve ao maior aquecimento da atmosfera, à destruição da natureza no planeta. E os Estados Unidos não participam nas conferências mundiais para assumirem a sua responsabilidade e controlar o desvario das suas empresas em alcançar o maior lucro com o sacrifício dos humanos. E, depois de ter lançado as primeiras bombas atômicas sobre a população civil do Japão que perdera a guerra, agora levanta arrogantemente a cabeça do Presidente para enfrentar a ameaça do seu homônimo coreano como se a humanidade fosse secundária nesta competição irresponsável e criminosa.

Zillah Branco

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

frente ampla, popular e de esquerda!




Com o fim da segunda Grande Guerra - que deu início à Guerra Fria promovida pelos "aliados" sob a orientação da chefia imperial dos Estados Unidos que usaram as bombas atômicas para ficarem como heróis da vitória soviética incontestável - tornou-se claro para os revolucionários que a luta por um sistema alternativo ao capitalismo deveria integrar todos os cidadãos que tivessem consciência de que, em primeiro lugar, interessa defender o desenvolvimento do ser humano, a sua integridade física e mental para, com o trabalho, criar maiores recursos para as sociedades em paz.

Os artifícios políticos para estigmatizar as conquistas do socialismo na URSS (seguidos dos processos revolucionários na China, na Coreia do Norte, no Laos, em Cuba e no Vietnam), destruiram os caminhos abertos pela brilhante intelectualidade que nos Estados Unidos produziram literatura, cinema, música, ciência, que teriam enriquecido o patrimônio mundial não fosse o famigerado "macartismo" que minou as novas instituições universitárias e midiáticas que zelavam pela democracia e o humanismo. Com o poder do ódio irracional foi introduzida a marca fascista e autoritária no conceito capitalista de "democracia".

Como rastilho de pólvora, da grande potência capitalista irradiou a perseguição sem tréguas contra os comunistas e revolucionários em geral. Ao mesmo tempo em que eram intimidados os democratas com os riscos de discriminação social que limitavam carreiras profissionais e participação nos benefícios do desenvolvimento social, foi criada e divulgada amplamente uma "cultura anti-comunista e anti-revolucionária" que preparou as novas gerações para demonizarem as naturais tendências de solidariedade humana e de respeito social como a negação de todo o progresso traduzido em acumulação de riqueza e de promoção de uma elite dirigente.

Incutia-se subtilmente o desprezo pelos mais pobres, pelos desvalidos, pelos mais simples, com os mesmos critérios do mundo medieval, mas adoçados pela compreensão caritativa dos que distribuem esmolas, e justificavam os projetos colonialistas "que levavam o desenvolvimento possível ao terceiro mundo", "a paz e o progresso" aos vizinhos latino-americanos, enquanto as empresas transnacionais se instalavam em países alheios para explorar as riquezas naturais que o seu povo "inculto" não saberia fazer. O racismo consolidava-se como "princípio científico" que facilitava a escravidão disfarçada  imposta às etnias que emigravam para o mundo "dos brancos".

Assim como durante a revolução industrial os camponeses dos países mais ricos da Europa deixaram as suas pátrias e emigraram para colonizar as nações indígenas do terceiro mundo e manter a subordinação cultural (e institucional) aos países de origem, na Europa foram importados trabalhadores de outras etnias para suportarem as discriminações sociais que limitam a frágil democracia da moderna burguesia em ascensão. As elites dominaram facilmente a política fantasiada de "democrática" (onde analfabetos ou sem rendimentos não votam e o Estado contrata funcionários nas famílias dos poderosos) e o povo mistura-se à paisagem enevoada como uma necessária "abstração". Situação semelhante é vivenciada presentemente no Brasil.

Como o conceito de "cultura" passou a ser confundido com o de "formação escolar", e o de "inteligência" com "nível intelectual", a elite levantou o seu muro em torno dos seus postos de comando e os "sem escola" acreditaram estar fora do âmbito da "democracia ilustrada". Mas, o processo revolucionário prosseguiu na sua meta de ganhar entre os democratas os que são coerentes com a própria noção de dignidade humana e de integridade como cidadão. Com as inúmeras falhas do sistema capitalista - as ambições desmedidas de lucro que se confundem com roubo, as grandes espertezas que atropelam os valores elementares da decência, o descuido dos super-poderosos que revelam ignorâncias crassas (lembrar Bush, Temer, Trump...), a prepotência dos que não avaliam a inteligência dos ingênuos ou dos simples - foram acentuando os abusos da elite, as injustiças, os crimes da elite mandante e esclarecendo os que seguiam os seus caminhos distraidos com as conquistas individualistas sem olhar para o lado social. Cresceu o número dos que reconhecem a necessidade de mudanças na estrutura política que nāo se resolve mudando apenas o representante do comando, mas o comando em si. Hoje é visível o descrédito geral em relação aos que comandam o sistema capitalista irresponsável no risco de guerra atômica e nas chacinas sobre populações civis desesperadas.

Surge hoje na América Latina, com peso determinante, a manifestação popular que se organiza em função das estruturas de trabalho e de lutas específicas pelos seus direitos, despertam camadas sociais com privilégios de formação escolar para o reconhecimento da justiça que orienta as reivindicações populares, grandes especialistas nos conhecimentos da administração do Estado e na defesa da soberania nacional levantam as suas vozes com modéstia revolucionária junto à do povo, organizam-se os partidos de esquerda assim como as religiões tradicionais para promover a unidade entre todos estes patriotas formando uma Frente Popular Ampla de Esquerda!

Os partidos de esquerda enfrentam os seus problemas internos que refletem os da própria sociedade, eliminam os individualismos que bloqueiam as ações coletivas da grande maioria da população e os medos acumulados com a experiência sofrida de seguidas derrotas parciais sob um sistema adverso, fortalecem a compreensão fraternal que está acima dos preconceitos de classe cristalizados na linguagem elitista e ressalta os pricípios que são o seu patrimônio ideológico de uma luta secular. Este será o eixo de uma nova composição ampla com os que são capazes de acompanhar as conquistas da esquerda, dos humanistas, dos desvalidos, sobre o poder do capital e do enquistamento conservador das velhas elites, contra os que vendem a Pátria e a soberania da Nação e a dignidade dos cidadãos.

O Brasil será vitorioso! A América Latina será fortalecida! Os povos construirão as suas vidas!

Zillah Branco

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O "povo abstrato" e o Estado social "supermercado"



Reprovado nas pesquisas e nas ruas com 94% de condenação popular, o governo de Michel Temer vê aumentar o número de manifestações nas ruas do Brasil que combatem as propostas de reforma da Previdência, de redução dos direitos trabalhistas e as desigualdades que acentuam a distância entre quem trabalha para sobreviver e os que detém o capital e o poder político.

Desemprego, corte nas Bolsas Família, venda das empresas nacionais ao desbarato, perseguição aos manifestantes nas ruas e líderes de movimentos sociais, destruição das conquistas educacionais e de atendimento médico alcançadas pelos governos Lula, assassinatos de líderes camponeses, asfixiamento do setor produtivo, delapidação do patrimônio nacional, tentativa de destruição do Mercosul e da Alba, traição aos países latino-americanos em luta pela soberania nacional, submissão à política imperialista expansionista e criminosa que ameaça a humanidade e a natureza no Planeta - o governo golpista transforma o Estado Social em um "Supermercado SA" que vende os produtos com farta publicidade enganosa e não atende às necessidades reais da população consumidora. O povo não manda no seu país, existe como parte da paisagem.

Marx, no Manifesto Comunista refere esta condição da organização do Estado, disfarçada pela retórica ficcional da classe dominante que valoriza a aparência em detrimento da essência, com a frase: “Um comitê para gerir os negócios da burguesia” em lugar da representação popular.

O Governador do Maranhão, Flávio Dino,  recomenda: "Cabe a quem governa não se perder no cipoal de burocracia, normas e contas. É preciso lembrar que cada decisão de Governo tem repercussões na vida de seres humanos, que são a parte mais importante da “contabilidade pública”.

Mas os fantoches golpistas não estão interessados nos seres humanos, apenas nos altos cargos que ocupam e na multiplicação das suas fortunas. Estão no poder mas são efêmeros, enquanto que a humanidade continua a sua evolução alcançada sempre com o trabalho e a transformação da realidade no sentido do progresso.

Quando o presidente Truman, dos Estados Unidos, determinou o uso da bomba atômica contra Hiroshima e Nagazaki no Japão para afirmar o seu poder depois da vitória soviética na segunda guerra mundial, os cientistas que tinham descoberto o uso pacífico da teoria atômica em benefício da humanidade, protestaram recebendo o apoio de milhões de defensores da Paz espalhados por todos os continentes. Hoje são os japoneses a proporem a paz a Trump, que sucede e faz recordar Truman há sete décadas atrás quando mandou matar mais de 200 mil civis japoneses em represália ao inimigo já vencido. Um chefe do governo imperial anti-ético e desequilibrado.

Ultrapassada esta fase de retrocesso no Brasil, o povo está com o conhecimento das suas necessidades para exigir um Estado soberano com organização das forças produtivas nacionais e condições de desenvolvimento social do povo trabalhador e dos técnicos e cientístas com os valores patrióticos que se requer. Um programa de governação realmente brasileiro, que respeite a soberania e a independência nacional, integrado na Comunidade latino-americana em luta, a partir do conhecimento objetivo da realidade humana, social e económica para escolher brasileiros com caracter e competência para enfrentar responsavelmente a tarefa governamental e de transformação do atual estado/supermercado em Estado Social e Institucional.

Cada setor do Estado exige a defesa econômica e política para melhor aproveitar a riqueza do território e do conhecimento técnico para a produção - de energia, de transportes, de habitações, de infraestruturas, de saúde, de ensino, de segurança social, de segurança pública, de controle fiscal, de administração pública, de legislação e justiça, de organização do trabalho, de formação cultural e artística, da proteção ao ambiente, da produção agrícola e pastoril, etc. - e ainda a prestação de serviços à população com a qualidade que existiu em tempo de democracia - lembremos os debates sobre a escola pública, as manifestações sobre o "petróleo é nosso", a defesa das nacionalizações, a exigência da Reforma Agrária, a defesa da "Amazônia", a industrialização, e tantos outros projetos que apontavam a elevação do nível de capacidades de trabalho e de conhecimento científico e político adquirido para fundamentar o desenvolvimento nacional. O Brasil tem um patrimônio científico, técnico, cultural de alto nível capaz de colaborar com um programa de luta social, sindical e popular.

É urgente organizar a visão global do Estado através de estudos particulares sobre cada área de produção e de prestação de serviços públicos para que as instituições do Estado Brasileiro sejam conhecidas no seu conteúdo, no valor econômico e político, e também no exercício dos serviços prestados quanto à meta de atendimento social e não apenas "consumo de um produto" de mercado. Um aspecto a ter presente é o papel dos servidores diretos ao público que, apoiados por sindicatos podem agir solidariamente com o cliente popular apesar das pressões impostas pela hierarquia das chefias subordinadas a comportamentos muitas vezes contrários aos objetivos patrióticos.

Um exemplo de erros acumulados na produção e distribuição de recursos nacionais temos na história da energia elétrica no Brasil, que hoje está nas mãos de empresas privadas quando deveria constituir importante área do Estado na produção de energia e defesa da soberania nacional, estabelecendo a clara relação entre a função econômica e técnica de um Estado com a prestação de serviços à população (o Estado Social).

Ao serem contratadas empresas estrangeiras monopolistas em meados do século passado - como a Light e outras - o Estado perdeu a sua soberania e o Estado Social foi transformado em um balcão comercial ao serviço das multinacionais. O povo ficou à margem, apenas comprador do produto, e o país sofreu uma degradação política que se verifica até hoje. Decisões que alteraram a geografia e o ambiente nacional, como foram as de retificação do leito do rio Tietê e a inversão da corrente do rio Pinheiros em São Paulo, foram tomadas por engenheiros do Canadá e dos Estados Unidos à revelia dos moradores das suas margens, dos pescadores e navegantes, da população pobre e trabalhadora do grande e rico território do Estado de São Paulo que, na sua maioria, desconhece esta imposição estrangeira ao curso das águas brasileiras. E este é apenas um exemplo visível, fotografado, registrado, do desrespeito pela soberania nacional.

Este mesmo abandono da função social do Estado hoje ameaça a escola pública dos três importantes níveis de ensino responsáveis pela formação dos cidadãos brasileiros de cuja inteligência e trabalho depende o progresso nacional. Para não falar da destruição do SUS em benefício de empresas privadas e laboratórios multinacionais; ou da Segurança Social que desconhece os acordos internacionais para que o trabalhador emigrante possa somar os benefícios adquiridos nos dois ou mais países onde trabalhou e descontou para o serviço previdenciário; ou da Agricultura que aceita a agro-indústria imposta pelas empresas estrangeiras de fertilizantes químicos e sementes transgênicas nocivos à saúde, etc... A lista de crimes de "lesa a pátria" é imensa e agrava-se com o colapso jurídico nacional e os cortes orçamentais que abrem caminho à miséria do povo em um país de território rico.

A definição de um programa reconhecido e apoiado pelo povo e fundamentado por cidadãos  competentes ao nível da administração pública que já deram provas do seu saber e das suas convicções éticas e humanistas - portanto patriótas e democratas - é o que o Brasil hoje tem urgência em implantar.

Zillah Branco

domingo, 20 de agosto de 2017

A origem do terrorismo actual



As nações europeias que, atravez da Nato participaram nas agressões promovidas pelos Estados Unidos aos países do Oriente Médio, do Norte da Àfrica, passaram a receber os milhões de foragidos tornados emigrantes como recurso à sobrevivência. A questão foi vista como humanitária até que a avalanche de problemas de acolhimento começou a ser entendida como econômica e financeira pelas nações mais ricas - Alemanha, Inglaterra  e França. A Grécia e a Itália, apesar de mais pobres, sofrem como portos os primeiros impactos da chegada dos que sobrevivem aos afogamentos no mar Mediterraneo e no Egeu e defendem nas praias a sua economia, criando campos de refugiados que lhes permitem esquecer a sensibilidade ao apelo humanitário daquele quadro de horrores, deixando-os abandonados aos assaltos criminosos.

A partir de 2016 todo o território da União Europeia assumiu esta farsa de solidariedade com os que fogem aos problemas das guerras por eles criados em submissão à política imperialista norte-americana. A criação do grupo terrorista "Estado Islâmico" (cujo nascimento é atribuido aos Estados Unidos) passou a actuar directamente sobre as sociedades mais ricas que exibem a sua liberdade no enriquecido sistema turístico que disfarça os problemas das suas populações empobrecidas com festivais grandiosos, programas milionários de férias, exibição de falsa alegria promovida por sons ensurdecedores e uma cultura imposta pela mídia para ocultar a realidade sob a imagem mentirosa e degradante da felicidade de cada um acima das possibilidades de sobrevivência dos humanos trucidados.

Este filme, que mascara uma criminosa verdade, visível para quem observa com os próprios sentidos e julga éticamente, atraiu o ódio de adolescentes que se tornaram terrorista formados pela escola imperialista. São muitos, das sociedades destruidas por mísseis, mas também os das que os recebem, alheios à realidade tenebrosa, transformados em alegres robôs de uma falsa cultura. Os atentados se multiplicam em Paris, Londres, Madri, agora em Barcelona, matando inocentes, que são vitimados como as populações inocentes dos países ricos em petróleo que atraíram a cobiça imperialista.

Por outro lado, em Portugal, consumido pelos fogos devastadores da sua floresta transformada em eucaliptos para exportação por governos de direita que tentaram destruir a revolução de 1974, são detidos mais de 70 criminosos que atearam as chamas por razões várias de "mente fragilizada", confessadas ou não. Os loucos foram produzidos pelo sistema do capital que transforma a vida social numa venda de produtos, as leis em normas contabilísticas, os cidadãos em números, as mentes em depósito de ilusões. Os fogos ocorrem devido à secura do ar, aos ventos oscilantes, às pontas de cigarros dos distraídos ou loucos ou prestadores de serviços aos terroristas que querem derrotar nas próximas eleições quem hoje governa com preocupações democráticas e os que lutam ao lado dos bombeiros.

As notícias que a mídia internacional oculta, circula pelas redes de comunicação na internet traduzindo as mentiras e filmes de um turismo feliz que enriquece os donos do capital, para uma população que no mundo inteiro quer preservar as futuras gerações da alienação forjada pela "polícia do planeta", para que cresça consciente da necessidade de salvar a humanidade. Lemos no blog Opera Mundi, com informações da ANSA:

"De acordo com dados compilados pelo Nation Institute e pelo Center for Investigative Reporting e publicados em 22 de junho, simpatizantes da extrema-direita cometeram quase o dobro de ataques em solo norte-americano do que extremistas islâmicos entre os anos de 2008 e 2016.

O relatório contabilizou um total de 201 incidentes terroristas domésticos no período, sendo que 115 deles foram cometidos por seguidores de ideologias de direita, tanto os chamados defensores da "supremacia branca" quanto militantes patrióticos e neonazistas.

Outros 63 foram motivados por ideologia política teocrática aventada por grupos como o Estado Islâmico (EI). Dezenove casos registrados no período foram cometidos por organizações que seriam de extrema-esquerda, incluindo ativistas do meio ambiente, de direitos humanos e anarquistas.

Esses atos da extrema-direita são, em sua maioria, episódios de violência e agressão, que geram mortos ou feridos, e vandalismo de propriedades públicas ou privadas. Dos 63 episódios de terrorismo islâmico identificados pela pesquisa, 75% deles foram frustados pela polícia, ou seja, não ocorreram, e 13% provocaram mortes. Entre os casos de ataques da extrema-direita, apenas 35% conseguiram ser prevenidos, o que totaliza 79 mortes no período (índice de fatalidade em 30%) e comprova uma falta de atenção do sistema de segurança para este problema.

Nos atentados islâmicos, o balanço é de 90 vítimas - número maior apenas devido ao tiroteio em Fort Hood, no Texas, que deixou 13 mortos e 32 feridos em 2009.

"Os EUA são a pátria do fundamentalismo, que nasceu no território americano no século 20 e se espalhou pelo mundo, inclusive para o Oriente Médio. Mas, nos EUA, esse fundamentalismo criou uma ponte ideológica-política", disse o historiador e especialista em Relações Internacionais Sidney Ferreira Leite, da Faculdades Belas Artes.

"Usualmente, vemos homens brancos que começam a atirar contra as pessoas na rua, ou grandes atentados como o de Oklahoma", afirmou, referindo-se ao ataque de 1995 cometido pelo ex-soldado neonazista Timothy McVeigh que deixou 168 mortos e 850 feridos.
Organizações

A ONG Southern Poverty Law Center (SPLC), que monitora grupos de ódio nos EUA, contabiliza 917 organizações extremistas em atividade hoje no país. Elas se dividem em vários níveis e segmentos, como os supremacistas brancos (que acreditam na superioridade da raça branca e são xenófobos), a Ku Klux Klan (que ficara famosa no século 19 e é extremamente racista) e os neonazistas (que tentam resgatar a ideologia nazista da raça ariana, do antissemitismo, da xenofobia e da homofobia). Dos 917 grupos de ódio em atividade nos EUA, 130 seguem a KKK, 99 são neonazistas, 100 são nacionalistas e 43, neoconfederados.

"Trump tem um novo problema dentro do conjunto de prolemas que ele mesmo ajudou a criar. Ele instiga essas ações de violência, que já existiam, mas que agora são como uma bolha que estoura", disse o analista de Relações Internacionais. " (reproduzido pelo Portal Vermelho 20/08/17).

Antes que desliguem a internet temos de formar grupos de discussão, associações comunitárias e de classe,  sobre os caminhos de luta e  a verdadeira vida planetária, internacional, nacional, da nossa classe social, familiar, para resistirmos às formas de poder dos que acumulam o capital e divulgam mentiras para promover falsas festas que transforman os seres humanos em imbecís e loucos.

Zillah Branco






sábado, 12 de agosto de 2017

A mistificação do sistema capitalista




Temos hoje uma uma visão geral dos problemas de impotência das instituições democráticas e da luta de classes não só na Venezuela mas em toda a América Latina, diante das condições herdadas da colonização ha 500 anos e da neocolonização posterior que manteve um sistema oligárquico de poder. A ambição permanente dos países desenvolvidos e a ação imperialista assumida pelos Estados Unidos ha mais de um século, como ponta de lança do expansionismo capitalista, tem sido um entrave ao desenvolvimento das forças produtivas e de uma consciência de classe na defesa da soberania das nações.

Vivemos um momento difícil em que, para participar em alianças políticas vemos desaparecerem os princípios éticos que são a base da realização de um processo revolucionário capaz de impor o socialismo como sistema. Como na inesquecível novela "O casarão", de 1976 na Globo, em que o velho fazendeiro Atilio, representado por Mário Lago, "misturava com uma varinha os excrementos de galinha em uma banheira para produzir ouro", estamos sempre acreditando nas mentiras que os traidores da pátria dizem e deixando o povo à margem, afogando a sua decepção e consciência de luta na miséria crescente que é física e mental. Temos de sair deste círculo vicioso e rediscutir os princípios essenciais de que a nossa luta depende, temos de unir uma juventude ainda saudável e traçar novos caminhos para não sucumbir nesta fase que deve ser de extertores do capitalismo com os lideres boçais eleitos ou golpistas (Trump, Temer e tantos outros pelo mundo).

De pouco servirá comemorar o centenário da Revolução Soviética promovendo apenas uma recordação respeitosa de um passado de luta e heroísmo, que deve ser atualizado para ser devidamente honrado. Nesta sociedade de robôs serão liquidados os sindicatos, as uniões, os partidos democráticos, se continuarem amarrados às leis criadas pelo "poder judiciário capitalista" que é mais forte que os eleitos no processo de "faz de conta" como se escolhidos pelo povo.

Hoje falam em 27 milhões de escravos no mundo moderno, reconhecidos na classe dos despossuidos, e todas as semanas morrem afogados levas de foragidos das guerras no oriente médio e norte da África nos mar Mediterrâneo e mar Egeu, para não falar nos famélicos abandonados em precários campos de refugiados que a ONU não consegue manter. Agora no Brasil, com os cortes ás bolsas famílias, a miséria invade um país reconhecidamente ríco. Os que sobrevivem são assaltados pelos comerciantes de sexo, de escravos, de órgãos humanos, protegidos pelo sistema capitalista que alimenta a destruição da humanidade e da natureza planetária.

Devemos acrescentar os muitos milhões de cidadãos da classe média a caminho de uma forma de escravização mental, que consideram como profissões: a prostituição (de bordel e de casamentos oportunistas), as barrigas de aluguel sem protecção institucional e de assistência médica, os jogadores de futebol e de outros esportes que são vendidos aos clubes como um "produto", e outras situações juridicamente contraditórias de subordinação da liberdade pessoal aos compradores de direitos dos cidadãos, visivelmente a moderna escravidão humana.

Devemos denunciar a midia e outras instituições que fazem a divulgação promocional desses crimes, assim como dos empregadores que não respeitam as leis laborais e mantêm o sistema precário de emprego, sem garantias, que esvaziam os sindicatos e oprimem duplamente os trabalhadores, os traficantes de seres humanos e os divulgadores de uma cultura de subserviência que modela negativamente as gerações mais jovens e leva as populações à depressão mental por ausência de esperança na dignidade e na vida.

A democracia tornou-se um falso cenário adaptado aos interesses do capitalismo. É uma cópia mal feita e estática, fora do seu processo de desenvolvimento, das conquistas dos trabalhadores reconhecidas e adotadas plenamente apenas pelo sistema socialista implantado pela Revolução de Outubro de 1917. Com este arremedos de social democracia foram minados os conhecimentos científicos, como por exemplo nas áreas do atendimento médico e de assistência social, de forma a ser priorizada a ação comercial e a circulação do capital em benefício das instituiçōes privadas (laboratórios e clínicas que produzem industrialmente e em sistema competitivo), gerem a recolha de impostos e a entrega de pensões e aposentadorias por idade ou carência física. A produção de medicamentos tornou-se uma das maiores indústrias químicas do planeta que visa a competição entre as marcas promovidas pela mídia e a simulação de tratamentos que podem atenuar os problemas físicos dos utentes e criar novos problemas que exigirão novos tratamentos e drogas. A recolha de impostos para atenderem as situações de desemprego, velhice ou incapacidades para o trabalho, é gerida como capital a ser investido para a obtenção de lucros bancários e sofre os riscos de perda de valor conforme as crises sistêmicas determinarem. Objetivamente a proteção do ser humano não se impōe como o fator fundamental que justificaria as instituições criadas. O médico deixou de ser um cientista, sequer tem condições de conhecer o cliente, e repete as cartilhas dos laboratórios adotadas pelo país mediante acordos políticos.

O mesmo ocorre com outras instituições do Estado como transportes, segurança, educação, obras públicas, agricultura e produção animal, pescas, higiene pública e recolha de lixos, distribuição de água e energia, e o sistema judiciário que defende os interesses dos setores privilegiados manipulando as leis votadas pelos Parlamentos e penalizando a população trabalhadora e os desvalidos. A única ajuda que o cidadão pode ter depende da capacidade e dedicação pessoal de funcionários dotados de formação humanísticame coragem para enfrentar as condições impostas pelo serviço público ou privado.

Da mesma forma como são manipulados os produtos farmacêuticos que afetam a saúde humana e os químicos que alteram a natureza, as leis são condicionadas às formulas políticas que sustentam o domínio da sociedade por uma elite privilegiada. O pobre é criminalizado e perde a liberdade por um pequeno delito para poder sobreviver e o rico desvia milhões em oprações fraudulentas do sistema bancário com defesa jurídica capaz de isentá-lo de culpas. Tal impunidade tem agravado as crises sistêmicas e desmoralizado a idoneidade das instituições do Estado dito "democrático". Por um lado o sistema político perde credibilidade e só encontra líderes cada vez mais adaptados à prática da desonestidade e do autoritarismo boçal, e os cidadãos tornam-se órfãos dos valores de cidadania e do respeito humano. Qual será o futuro das populações abandonadas? Como repor os princípios éticos de um processo revolucionário?

Zillah Branco














Sem vírus. www.avast.com



--
Enviado do Gmail para celular

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Lula é um herói na história do Brasil




As nações em fase de colonização têm o povo no papel de heróis. A justiça, a liberdade, a fraternidade, a honra, permanecem na base empobrecida da sociedade acalentada pela capacidade de sobreviver sem apoios e manter a esperança para os seus filhos.

Lula, galgou os degráus do poder demonstrando ao mundo que o caminho da emancipação nacional tem início na superação da fome e da miséria em que foi atolada a grande maioria das famílias dos trabalhadores. Seguiu um caminho que, na história da humanidade, foi criado por cristãos e comunistas primitivos.  Hoje é um exemplo admirado por todas as nações representadas na ONU.

Ao ser eleito Presidente da República, implantou um programa de Governo comprometido com o desenvolvimento das forças produtivas nacionais levando à todos os brasileiros as condições de cidadania: bolsa família - com a alimentação necessária; escolas em todo o Brasil profundo; saúde - em sistema universal; previdência social - com o reconhecimento de todas as funções profissionais; legislação do trabalho democrática; habitação com água e luz; estradas, caminhos, ruas transitáveis; segurança pública com respeito social; diálogo aberto com o empresariado nacional para que agissem como patriótas. Assim exerceu dois mandados dos quais saiu conservando mais de 80% do apoio popular.

Foi uma obra heróica realizada por um filho do povo brasileiro, reconhecida por mais de 50 milhões de eleitores. Despertou uma população adormecida durante 500 anos, vítimas de dominação colonialista seguida de poderes oligárquicos servís à forças estrangeiras. Tentou unificar pobres e ricos sob o compromisso da solidariedade, da justiça, da fraternidade, da honra de ser brasileiro. Elevou o conceito de patriotismo, de defesa do patrimônio nacional, de nação capaz de trabalhar ao lado das mais antigas e ricas do planeta, merecedora de respeito nos organismos internacionais, sem esquecer o seu papel solidário com todos os países latino-americanos e com os de outros continentes igualmente colonizados. Lula tornou-se um herói para todos os povos que lutam pela independências das suas nações!

Por isso foi condenado agora, sem provas, pelos esbirros golpistas que ocuparam o Governo e o Estado como assaltantes armados por um poder externo!

Ninguém governa sozinho um país! Lula recebeu a colaboração de muitos que se ocuparam da condução do sistema capitalista que domina o mundo ocidental e condiciona todo o mercado mundial. Na sua boa fé, Lula confiou aos lobos a defesa da economia nacional. E foi traído. Recebeu de braços abertos um Meirelles, conhecedor do sistema financeiro formado nos Estados Unidos, e depois foi seguido por vários colegas especializados em bancos na função de Ministros da Fazenda. Aceitou com entusiásmo a colaboração empenhada de um PMDB que durante a ditadura militar destacou-se na batalha pela democracia.

Foi ingênuo? Foi, mas isto é fruto da sua origem popular brasileira, de quem conheceu a tortura da fome e não pode estudar porque muito cedo foi trabalhar para o sustento familiar. Não é crime! Crime é a traição à Pátria, cometida pelos ilustres doutores que o apoiaram por ambição mesquinha e oportunista! Crime, é inverter o papel da Justiça que paga para que um ladrão denuncie um opositor político, que condena um herói da história brasileira para manter um golpista corrupto na posse do mais alto cargo do Governo.

Crime, é manter os invasores do Brasil distribuindo a riqueza nacional entre os seus amigos externos e destruindo a democracia que elevara o povo à condição de cidadania!
Crime, é fazer da política um jogo perverso de cartas viciadas que condena o Brasil à ser novamente colonizado e ter o seu povo escravo!

Diretas, Já! Para salvar a Pátria!

Zillah Branco

segunda-feira, 10 de julho de 2017

As ratoeiras do sistema capitalista

A luta contínua, permanente

Zillah Branco *

.


Muitos acreditam na democratização do sistema capitalista vestido com suas fantasias populares. É verdade que ensaiam o sistema universal de saúde ou de escolas para todos. Vão atamancando soluções aparentemente copiadas do atendimento à elite mas sem recursos para atender todo o povo. Nomeiam profissionais de renome e atraem em número crescente os que aceitam as condições do serviço público, com menor remuneração e pior condição de trabalho, para estender democráticamente os benefícios do trabalho de médico ou professor.

No entanto, diante da avalanche de trabalho por profissional, reduzem o tempo de atendimento médico e aumentam o tamanho das salas de aula para o professor falar a dezenas de estudantes ao mesmo tempo. É claro que o cidadão não consegue transmitir as suas queixas em resumo para informar o médico nos escassos minutos disponíveis. Nem os alunos conseguem levantar dúvidas para penetrarem a matéria ensinada. Por melhor que seja o médico ele só poderá receitar diante dos exames que o cidadão vai fazer ao longo de meses de espera, porque também os equipamentos estão assoberbados de trabalho. Por melhor que seja o professor, ele não consegue conhecer os alunos para adaptar as suas aulas aos ouvintes e vai se esfalfar para ler as provas de centenas de alunos desconhecidos.

Evidentemente cai a qualidade dos trabalhos, cansam o povo nas filas de espera e os alunos sem orientação pedagógica. Os profissionais dedicados ao atendimento "democrático" vêm-se como robôs diante de um tapete rolante por onde passam velozmente criaturas necessitadas que não têm tempo para conhecer. Os clientes morrem sem tratamento, os alunos mal se alfabetizam.

Então começam a surgir clínicas privadas de luxo e escolas particulares com ofertas de cursos complementares atraentes, que cobram caríssimo mas fazem algum desconto para o Estado (que lhes facilitou o terreno e perdoou impostos para que alí se fixassem) poder usar os seus serviços suprindo as carências dos serviços sociais públicos. É a resposta dos grandes grupos que comandam o capital, ao que se pretendeu ser um apoio social democrático. Fica claro o jogo político em que o Estado, que vai buscar nos constribuintes os financiamentos dados aos grandes grupos, e com as conquistas populares que terão de ser reconquistadas com movimentos populares unidos nas ruas.

As contradições no sistema capitalista, entre o desenvolvimento das forças produtivas que inclui a formação culturam e a defesa da saúde dos cidadãos, contra a ambição de acumulação de riquezas pela elite poderosa, são insuperáveis. A luta social permanente dos trabalhadores pelos seus direitos assegura um relativo equilíbrio entre exploradores e explorados que formam a sua consciência de classe e superam as suas carências com o apoio das estruturas sindicais e partidárias. É uma longa caminhada para não se deixar vencer pela minoria patronal.

As duas classes mantêm a esperança na vitória que será alcançada com o fim dos abusos pelo poder instituido e o uso da força militar, e pela consciência humanista de solidariedade que se clarifica.

As contradições no sistema capitalista são imensas! Por exemplo, no futebol é comum ouvir-se um técnico afirmar que formou um bom jogador para ser "vendido" por seu clube para quem paga milhões e garante um salário milionário para o jogador em outro país, o que engrandece o seu país de origem. Mas existe uma legislação para evitar o tráfico de humanos!

Assim, com a manipulação das leis, exportam capitais para paraisos fiscais, corrompem funcionários do Estado para desviar recursos, destroem empresas nacionais para favorecer concorrentes estrangeiros, controla o sistema judiciário para favorecer amigos e culpar inimigos políticos. Quem manda e detem o poder financeiro faz da pátria o que quiser, inclusive destruí-la. Não existe maior contradição quando uma elite empurra o Estado contra os cidadãos!

Mas o povo pensa, e na medida em que se fortalece pela união e conhece os seus direitos de cidadania, sabe que a Pátria lhe pertence. Então luta, por ela e pelos seus!

Fora Temer e sua quadrilha! Diretas, Já!

Zillah Branco

domingo, 2 de julho de 2017

O capitalismo fantasia-se de socialismo



Inegável o êxito da Revolução Socialista de 1917, que institucionalizou grandes conquistas da humanidade - liberdade de pensamento; igualdade de direitos para gêneros, etnias, opções religiosas, classes sociais; condições de habitação, ensino, saúde, previdência social; combate à exploração humana; defesa dos direitos de cidadania; associação sindical - definindo um Estado democrático.

O sistema capitalista, durante o século XX foi adotando os títulos das conquistas em grandes cartazes propagandisticos e em textos legislativos, mas sem levar à prática os princípios enunciados. A democracia de fachada só era semi-atendida quando os protestos organizados por partidos de esquerda e os sindicatos exigiam através de grandes mobilizações populares e greves que paralizam a produção. A diferença essencial entre os dois sistemas é que o socialismo revolucionário atende os interesses dos povos e a independência nacional, enquanto que o capitalismo só vê as vantagens dos lucros e do poder financeiro entregues à propriedade privada.

Com a queda da União Soviética, que se tornou uma potência cultural, científica e econômica, capaz de competir com os Estados Unidos que dominava políticamente todos os países capitalistas, os povos em luta perderam o apoio para defenderem os seus direitos nacionais e de cidadania. Surgiu, com a globalização, o poder financeiro unificado para acumular capital, manter elites nas sociedades e impor a austeridade às populações trabalhadoras.

Esta unificação do poder financeiro deu origem a governos nacionais incapazes de defender o desenvolvimento nacional e de seus povos, por incompetência ou subordinação ao comando externo. Proliferaram as invasões de países independentes onde havia grandes reservas de minérios e petróleo cobiçadas pela liderança capitalista que fomenta a indústria da guerra, de armas e químicos. Com os programas de austeridade impostos pelo FMI no âmbito do neoliberalismo que destrói as economias nacionais e fomentando o turísmo e os impostos em lugar das forças produtivas desempregadas, foram empobrecidas as nações servindo de palco para as elites circularem como magestades servidas por profissionais empobrecidos e robotizados.

A robotização dos cidadãos empobrecidos, manipulada por uma cultura midiática imbecilizante, retira-lhes a independência, o pensamento próprio, a coragem de lutar coletivamente, tornando-o um escravo passivo da exploração sistêmica.

O grande incêndio em Portugal, em Pedrógão Grande em Junho de 2017, revelou que na Europa, onde o Estado existe há mil anos, ocorre o mesmo que se repete nos Estados Unidos, anos após anos devido a tufões, cheias ou incêndios, que matam ou expulsam as populações de várias regiões: o Estado não protege devidamente a sua população, com o mesmo empenho com que defende o capital dos bancos e dos seus gestores ou o pagamento da dívida externa contraída em nome do povo. Da mesma maneira o cáos gerado pelo golpe de Fora Temer empobreceu o Brasil e leva o país e seu povo à ruina, apesar de existir uma Constituição e leis para os defenderem. Fica tudo no papel porque os responsáveis não se movem.

A perda de confiança nas instituições, nos serviços do Estado, generaliza-se somando o que ocorre por meio da corrupção organizada pelo imperialismo para destruir a nascente democracia que desponta em países do terceiro mundo, onde os poderes legislativos, executivos e judiciário, perdem a confiança do povo empobrecido, desempregado, sem recursos para tratar a saúde e estudar, morando em favelas ou nas ruas, cercado por gangues do crime organizado.

Os governos produzem legislações e comissões de estudo, e a acção fica no papel como se a gestão da vida nacional pudesse ser apenas literária. Diante de um acidente natural ou uma acção criminosa chega tarde sempre, decide com contradições no terreno, desconhece a realidade dos que vivem e sofrem. Enterra os mortos. Depois faz a contabilidade dos prejuizos, reformula os orçamentos para compensar o desastre material, é apenas o Tio Patinhas no poder. Desconhece a razão da vida humana.

Como disse Daniel Jadue, alcaide em Recoleta, no Chile, a nível municipal podemos fazer um governo comunal com a participação dos cidadãos. O Estado, como aparelho que é da classe dominante, não chega ali onde o índice per cápita é 1/10 do índice nacional.

Esta experiência existiu no Brasil durante a ditadura militar, em Boa Esperança no (ES), Piracicaba (SP), Anastácia (MG), Atibaia (SP), Brotas (SP), Cabo Frio (RJ), Campina Grande (PB), Cassilândia (MS), Criciúma (SC), Curitiba (PR) , Ilhéus (BA), Itabuna (BA), Itajaí (SC), Itú (SP), Jundiaí (SP), Juiz de Fora (MG), Matão (SP), Oeiras (PI), Olinda (PE),  Osasco (SP), Pelotas (RS), Penápolis (SP), Petrópolis (RJ), Rio Claro (SP), Rondonópolis (MT), Salto (SP), São Felix do Araguaia (MT), São Carlos (SP), São João da Boa Vista (SP), São Roque (SP), Tietê (SP), Toledo (PR), Uberlândia (MG), Vila Velha (ES), Viçosa (AL), e, na Europa (em várias nações) e, após a queda da ditadura de Salazar, nos Municipios e Freguesias no sul de Portugal no bojo do movimento revolucionário decorrente da Reforma Agrária de 1974/5.

O Estado capitalista não corresponde às suas bandeiras sociais porque não as aplica, é só propaganda de uma democracia de fachada. A defesa da população fica a cargo das famílias (responsabilizadas pela educação e saúde dos familiares), das acções de solidariedade (ou caridade) por associações religiosas ou populares e do movimento sindical ou político. As instituições sociais do Estado são pressionadas para exercerem as suas funções, pela participação da população em lutas lideradas por organismos políticos e sociais independentes.

Com a evolução histórica assinalada por movimentos revolucionários, o conhecimento objetivo que os povos adquirem da sua dependência em relação ao Estado, permite aos setores sociais libertos da miséria material e cultural, que a participação popular - através do voto, mas sempre atenta para exigir ações concretas - é determinante na construção de soluções para os problemas reais. Gradualmente caem as máscaras usadas pela elite dominante, dissolvem-se as falsas imagens atribuídas às instituições e leis inertes, desvendam-se os políticos como usurpadores ou representantes efetivos dos interesses do povo. O povo descobre que os cidadãos unidos na participação política são os agentes dinamizadores do desenvolvimento. O capital e as empresas serão os instrumentos, assim como o sistema de ensino e formação profissional.

A crise que hoje o Brasil enfrenta demonstra claramente que, para evitar o colapso político, social e econômico nacional, só a presença de todo o povo, unido, nas ruas à exigir "diretas, já!" Poderá salvar a pátria esquartejada pelos irresponsáveis do governo "Fora Temer" e camarilha.

Zillah Branco

quarta-feira, 14 de junho de 2017

P'ra Frente, pessoal!





Enquanto os chimpanzés no Uganda aprendem, com outros exemplares da sua cultura, a molhar
uma esponja de algas para beber agua de um poço em lugar de recolher com uma folha o líquido
que vai derramando, os "inteligentes" humanos que comandam o sistema capitalista seguem as
idéias de idiotas como Temer,Trump et catærva, que pretendem fazer girar a roda da história
cultural da humanidade para trás. Qualquer dia a mídia subalterna divulga as vantagens em beber
água nas folhas e os chimpanzés darão gargalhadas geniais.

Quando 35 milhões de trabalhadores no Brasil fazem greve acompanhados nas ruas por
desempregados, trabalhadores rurais, professores e estudantes, representantes de todos os
credos religiosos, negros, indios, imigrantes europeus, asiáticos, africanos, militantes de esquerda
e democratas honrados, tem-se a prova de que o programa de Lula para alimentar os cinquenta
milhões de brasileiros famélicos e levá-los a descobrir os direitos de cidadania com a ajuda dos
professores das escolas primárias, dos estudantes e professores das universidades, das equipes
médicas e dos servidores públicos que se dispuseram a integrar aqueles conterrâneos (que nem a
certidão de nascimento tinham) nas estatísticas nacionais para alcançarem os direitos sociais
mínimos, este gesto histórico e coletivo abriu caminho para que o Brasil se tornasse uma nação
soberana. Os brasileiros descobriram que a dignidade lhes pertence.

Agora, é caminhar para a frente varrendo a poeira deixada por séculos de atraso oligárquico e de
reformas fundiárias e bancárias que só interessam a uma elite apátrida. Chega de discussões
estéreis, de mesuras vexatórias a um patronato estrangeiro, de submissão a comandos que
desconhecem as leis nacionais e os princípios éticos em que se baseiam, dessa dissolução dos
costumes em que se atolam os mandatários, esta pouca vergonha de mentiras e corrupções que
mancha a história pátria e destrói o Estado brasileiro.

Este troca-troca de discursos e de consciências já demonstraram que nunca vão aprender a tomar
água pela esponja porque estão sempre olhando os parceiros vestidos de luxo que a televisão
apresenta como os donos do mundo tomando whisky em copos de cristal. Não nos servem, não
sabem pensar por si nem como pensam e fazem os brasileiros, não sabem trabalhar pelo coletvo,
não sabem sambar, nunca amaram, não pertencem a este povo valoroso que ha 500 anos contrói
uma nação apesar dos invasores que se multiplicam.

A luta dos brasileiros não está isolada. Em todo o mundo, apesar do boicote midiático e das elites,
os povos de todo o mundo em manifestações do Primeiro de Maio, saudaram a grandiosidade de
um povo, o brasileiro, que se une como classe trabalhadora diante de um governo espúrio que foi
assaltado por crápulas, para ditar o seu Plano de Desenvolvimento Social e Econômico que não
aceita as exigências da elite mesquinha que só pensa em crescimento e lucro dos poderosos.

A Europa está diante de uma crise que se arrasta sangrando os trabalhadores e os setores mais
desprotegidos das sociedades. A perversidade do sistema imposto pela Troika imperial abriu
caminho para que a Inglaterra saltasse para fora do barco enquanto os grupos fascistas dominam
os eleitorados em desespero. A Russia encontra apoio na China para não se subordinar à União
Europeia casada com os Estados Unidos. O cheiro à polvora, que traz a memória da Segunda
Guerra, polui a humanidade. São os trabalhadores organizados nos seus Sindicatos que se unem
nas ruas de todas as capitais mundiais como um exército internacional que abre caminho com
idênticas palavras de ordem atraindo uma juventude que não vislumbra um futuro no presente.

A "crise econômica" badalada pela elite financeira não cortou os orçamentos da indústria de
armamentos, dos salários dos banqueiros, dos criadores de modas e de uma cultura predadora e
violenta que forma robôs imbecilizados. Os pobres ficaram mais pobres, os doentes tornaram-se
cobaias das indústrias farmacêutica e química que poluem e aniquilam a natureza. Os jovens
perderam a esperança de construirem a própria vida. Os paises mais pobres exportam produtos primários e mão-de-obra para desenvolverem as nações mais ricas. Aprendem a receber com
desvelo os turistas que querem respirar ar puro e relembrar a humanidade que vai sendo extinta
nas megalópolis. Dinheiro não falta para manter a injustiça social que sustenta o capitalismo.

P'ra frente Brasil! Viva a América Latina livre do imperialismo!

Com a consciência de classe e as bençãos religiosas dos que acompanham a luta dos povos!
F

Diretas, Já! Chega de remendos!


Diretas Já! Chega de remendos!


O Estado Brasileiro foi minado pelo neo-liberalismo desde que Meirelles foi apresentado
ao Lula como "grande economista que, apesar de pertenter às hostes do tucanato,
aceitava o programa de desenvolvimento nacional proposto pelo governo PT e iria
assumir a Presidência do Banco Central do Brasil". Logo, o "colaborador que aderiu à
política de esquerda traçada para acabar com a miséria e defender a soberania nacional"
exigiu que o Banco do Brasil se tornasse independente.

Independente do Brasil, do governo popular de Lula, para ser manobrado pelos seus
patrões imperiais da holding norte americana J&F (dona da JBS). Começaram então as
manobras de corrupção que se alastraram como cancer através do Estado e do poder
financeiro produzindo traidores de vários naipes que contaminaram o tecido executivo
nacional até chegar aos dias de hoje, com o usurpador Temer na Presidência da
República (e Meirelles no Ministério da Fazenda) que envergonham os brasileiros de boa
fé e de consciência cidadã.

Esta podridão avassaladora foi percebida pelos trabalhadores e suas famílias em todo o
país, cidades e campos, velhos e jovens, provocando o surgimento de uma Frente
Popular de esquerda, unida e disposta a limpar todas as instituições nacionais das
metásteses provocadas pela doença destruidora.

Diz Luiz Bernardo Pericás: "Será possível construirmos uma frente democrática e popular
de esquerda, com movimentos sociais, partidos e organizações com pautas progressistas,
uma frente que vá além do “Fora Temer” ou “Diretas Já”, por exemplo. O fato é que não
se pode viver de calendário eleitoral. Qualquer um que for eleito pelas normas atuais, seja
quem for, vai fazer coalizões, negociações, acordos. Gostando ou não do Hugo Chávez,
temos de concordar que ele soube aproveitar o momento, utilizando-se de todos os
recursos democráticos reconhecidos internacionalmente, para mudar a constituição,
construir um judiciário e um Supremo, reconstituir e transformar profundamente as forças
armadas. Aqui não se fez nada disso. Sem tirar os méritos de muitas políticas sociais do
PT, os governos petistas beneficiaram a população mais pobre, mas também, ao mesmo
tempo, os bancos, o agronegócio, o sistema financeiro: tentaram agradar a todos. Ou,
pelo menos, as duas pontas: os mais pobres e os mais ricos. Conciliação de classes não
funciona. Está aí algo a aprender com Lênin e a Revolução Russa: não se pode confiar
nos seus inimigos. " (Almanaque Urupês, 28/05/17, reproduzido no Portal Vermelho
28/05/17 por Célia Demarchi).

Marx definiu sem meias palavras, no Manifesto Comunista, que esse sistema dominante
torna o Estado "um comitê para gerir os negócios da burguesia". É o que estamos
assistindo com os roubos e formas de corrupção bilionária e com a destruição das
conquistas populares iniciadas pela campanha Fome Zero, com a integração da
população nas condições de cidadania, com o desenvolvimento da saúde e da educação,
com a aplicação das Leis Trabalhistas, com a confiança nas instituições.
Os bispos da CNBB apontam a falta de ética nos governantes e apoiam as

manifestações, os homens e mulheres ainda conservadores que recordam o retrocesso
civilizatório causado por 21 anos de ditadura exigem democracia, o povo constrói a
unidade entre todas as associações que o representam superando divergências tornadas
secundárias diante da destruição da soberania nacional e do Estado social. As manifestações de protesto nas ruas e a grande greve de Maio reuniram perto de 40
milhões de brasileiros coordenados por lideranças políticas que nascem da luta
empenhados em evitar confitos e desmandos que os provocadores provocam.

A situação agrava-se com a prática da violência policial (somada à violência do
desemprego, dos programas de corte no sistema previdenciário e no desbarato do
patrimônio nacional com a venda da Petrobrás e das terras agrícolas) que a direita impõe
tornando inviável qualquer diálogo.

 O povo unificado define um Plano de Reconstrução
econômico, Social e Político onde não existirão privilégios de elite nem poderes paralelos.

Está preparado para escolher quem os represente. Diretas já!