quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Processo de conscientização no Brasil

Artigo publicado em O Lado Oculto


A sustentação do golpe de Temer "et cataerva" em 2016, na pressa de vender o patrimonio nacional ao desbarato, retirar os benefícios sociais criados por Lula devolvendo à Fome milhões de famílias brasileiras, engessando a Justiça nas mãos de juizes autoritários, destruindo as leis trabalhistas e previdenciárias, abrindo as portas dos serviços públicos às privatizações, minando as iniciativas de formação universitária e desenvolvimento das ciências, deixou visível a face podre das alianças políticas com uma direita enrustida herdeira da ditadura de 64 subordinada ao imperialismo norte-americano.

Se, por um lado propiciou a conscientização da esquerda e dos movimentos sociais fortalecidos por 13 anos de conquistas cidadãs - os Sem Terra nos campos, os Sem Teto nas cidades, os que combatem os preconceitos de género, de etnias, de opção sexual, de direitos de cidadania, por todo o território imenso do Brasil - também abalou os setores da burguesia conservadora com tendências à direita. Despontou uma direita neofascista, radical, que fala em nacionalismo apregoando a prepotência civil e militar de estupradores e torturadores tão bem conhecidas em toda América Latina quando amordaçada por ditadores, para levantar uma bandeira de rebeldia e desmandos capaz de atrair jovens perdidos no caos económico e social que deriva da crise sistémica e dos meticulosos programas mediáticos que (de)formam a opinião pública. As sondagens eleitorais dão a Bolsonaro 20% dos votos.  Este perigo político e humano alertou a direita conservadora que sempre viveu "em berço explêndido" resolvendo os probleminhas da elite como se fossem os de todo o povo.

O panorama eleitoral para a direita estreitou-se face a esta opção terrorista neo-fascista, e apenas conseguiu a figura controversa de Alckmin, ex-governador de São Paulo, incapaz de defender os direitos sociais e a soberania nacional, um "bate-orelhas" às ordens dos Estados Unidos com ar de boa pessoa e apoio mediático. As sondagens eleitorais indicam de 6 a 9% para o "picolé de chuchu", como ficou conhecido. Entre tais opções, os conservadores com convicções patrióticas e de moral burguesa, repensam os problemas do caminho neo-liberal que levaram o Brasil à dependência financeira e à destruição das indústrias de base e infra-estruturas, garantias de desenvolvimento com autonomia.

Esta direita nacionalista e desenvolvimentista começa a ver em Ciro Gomes um candidato mais coerente com eles, "apesar de ser de esquerda". Outra seria Marina Silva que defende o tema da ecologia com grandes elogios aos agrários que "começam a substituir os tóxicos cancerígenos por produtos que respeitam a natureza" (uma conversa chocha que não convenceu antes, quando foi candidata à Presidência em substituição a Eduardo Campos, do Partido Socialista Brasileiro, que morreu na queda da avionete).

Diante deste quadro da direita fraturada, a esquerda brasileira alcançou uma primeira vitória histórica: a unidade de vários pré-candidatos de partidos de esquerda e movimentos populares e sindicatos, na Frente Ampla, em torno de um objetivo programa de governo. PT e PCdoB formaram uma chapa com Lula para Presidente e Manuela D'Avila para Vice ou, se o poder judiciário impedir a participação de Lula (como determina o Pacto Internacional assinado com a ONU em 1985 e ratificado pelo Congresso em 1992), será Fernando Hadad o seu representante na candidatura. Mesmo preso, as sondagens indicam  40% o apoio eleitoral a Lula.

Zillah Branco



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